Cerveró fica calado em depoimento à Polícia Federal
O ex-diretor da área internacional da Petrobrás, Nestor Cerveró, permaneceu calado durante o depoimento de hoje à Polícia Federal. Dois delegados do Paraná participaram da oitiva, que durou uma hora e meia, e fizeram cerca de dez perguntas, às quais Cerveró não respondeu. A defesa do ex-diretor questiona a competência do juiz federal Sérgio Moro, de Curitiba, para julgar as denúncias da Operação Lava Jato, e entrou com uma petição judicial alegando que ele é suspeito para julgar fatos relacionados a Nestor Cerveró. Por conta disso, o advogado de defesa, Beno Brandão, afirma que o cliente vai permanecer calado até que haja uma decisão superior sobre o Juiz.
No questionamento da competência da Justiça Federal do Paraná, os advogados do ex-diretor defendem que o caso deveria tramitar no Rio de Janeiro, onde teriam ocorrido os fatos que estão sendo apurados. O mesmo argumento já foi usado pela defesa de outros investigados. Os advogados de Cerveró também entraram com uma medida judicial em que alegam que o juiz Sérgio Moro tornou-se suspeito desde que julgou o pedido de prisão preventiva do ex-diretor.
Segundo a defesa, a fundamentação usada por Moro indica que ele tem convicção sobre a responsabilidade penal de Cerveró, o que seria como um pré-julgamento. No primeiro depoimento, após ser preso, há duas semanas, Cerveró negou participação no esquema de corrupção na Petrobras. Os policiais ainda não conseguiram coletar declarações do ex-diretor sobre materiais apreendidos no cumprimento de mandados judiciais e também sobre movimentações financeiras e de bens que ele teria feito no final do ano passado. Essa movimentação, que foi o principal motivo da prisão de Cerveró, é considerada pelos investigadores um indício de que ele estaria ocultando bens.