O ex-secretário-geral do PT, Silvio Pereira, negou que tenha recebido um Land Rover, avaliado em meio milhão de reais, como parte de uma suposta propina para favorecer a empresa GDK, numa concorrência junto à Petrobras. Chamado de Silvinho, ele foi interrogado hoje (17) no processo em que é acusado pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.

Segundo o Ministério Público Federal, em novembro de 2004, representantes da GDK ofereceram propina de seis milhões e 800 mil reais ao então secretário-geral do PT e ao diretor de serviços da Petrobras à época, Renato Duque. A intenção era que a empresa de engenharia fosse favorecida em uma licitação na Unidade de Tratamento de Gás de Cacimbas, em Linhares, no norte do Espírito Santo.

A propina representava 1,6% do valor do contrato com a Petrobras. Como parte dos pagamentos, o ex-secretário-geral do PT teria recebido o Land Rover, no segundo semestre de 2004.

O veículo foi oferecido pelo empresário César Roberto Oliveira, fundador da GDK. Ele responde o processo por corrupção e também foi interrogado nesta sexta-feira (17). O réu afirmou, ao juiz Sérgio Moro, que se aproximou do então secretário-geral do PT quando o ex-presidente Lula foi eleito.

O objetivo era estreitar as relações da empresa com o novo governo e garantir a participação da GDK nas licitações com a Petrobras. O empresário afirma que desenvolveu uma relação de amizade com Silvinho.

A vencedora da licitação para a unidade de gás no Espírito Santo foi a empresa Engevix. O acordo chegou a ser impugnado, mas a companhia recorreu e conseguiu reaver o contrato. Hoje (sexta-feira), durante o interrogatório, Duque afirmou que a escolha da GDK tinha fundamentos técnicos. No entanto, a comissão era soberana para acolher ou não o recurso da Engevix.

Com o encerramento da fase de interrogatório dos réus, vai ser aberto o prazo para as alegações finais da acusação e da defesa. Em seguida, o juiz pode proferir a sentença.