O lobista e delator da Lava Jato, Fernando de Moura, reafirmou ao juiz Sérgio Moro que recebeu uma “dica” do ex-ministro José Dirceu para deixar o país “até que a poeira baixasse” durante a apuração do Mensalão. Ele foi ouvido pela segunda vez, em dez dias, justamente para esclarecer pontos contraditórios nos depoimentos prestados ao Ministério Público e à Justiça. Para os procuradores, quando negociava o acordo de colaboração, relatou essa conversa com Dirceu. Mas quando foi ouvido no último dia 22, na Justiça Federal, disse que era mentira. Na audiência desta quarta-feira o delator pediu desculpas ao juiz Sérgio Moro e disse que mentiu porque estava nervoso.

Fernando de Moura alegou ter sofrido ameaças e por isso teria contado versões diferentes. O juiz questionou esse fato e perguntou porque o delator não parecia nervoso durante a última audiência.

Moura cumpre um regime diferenciado desde que assinou o acordo de delação. Ele deixou o prédio da Justiça Federal sem falar com a imprensa. Quem também acompanhou a audiência desta quarta-feira (03) foi a defesa de José Dirceu. O advogado Roberto Poval criticou os acordos de colaboração ao alegar que existem muitas contradições entre os próprios delatores. Ele voltou a afirmar que Fernando de Moura não tem credibilidade.

Mesmo depois dos esclarecimentos de Fernando de Moura o MPF não descarta uma quebra do acordo de colaboração. Depois do episódio, todos os advogados que formavam a defesa do empresário deixaram o caso. Ao todo, treze criminalistas assinaram o documento protocolado na Justiça Federal.  Moura é acusado de ser um representante do ex-ministro José Dirceu na Petrobras.