Gleisi rebate acusações da PF e se diz vítima de perseguições
A senadora paranaense Gleisi Hoffmann (PT) se diz vítima de calúnias e de uma perseguição político-judicial-midiática. A declaração é uma resposta ao resultado do inquérito da Polícia Federal que aponta que ela teria recebido aproximadamente R$ 1 milhão em propina. A apuração tem relação com a Operação Custo Brasil – desdobramento da Lava Jato em São Paulo – que tem como alvo supostas fraudes em um convênio que permitiu a servidores públicos federais tomar empréstimos bancários consignados.
De acordo com o relatório final da Polícia Federal, a presidente nacional do Partido dos Trabalhadores teria sido beneficiada no esquema de corrupção e recebido recursos ilegais da Consist. A empresa administrava o software usado para conceder créditos aos servidores públicos e é suspeita de ter repassado R$ 100 milhões desviados do contrato firmado com o governo federal a políticos e ao PT. O processo corre em segredo de Justiça, mas foi vazado à imprensa nesta semana. Segundo a PF, o esquema teria ocorrido no período em que Paulo Bernardo, marido de Gleisi, era ministro do Planejamento. Ele ocupou o cargo entre os anos de 2005 e 2011.
De acordo com a Polícia Federal, cinco repasses irregulares supostamente destinados à senadora podem ser enquadrados nos crimes de corrupção, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro. Todos esses pagamentos teriam sido efetuados por meio de um escritório de advocacia que prestou serviços para a senadora e para o marido dela.
O relatório final da investigação é assinado pelo delegado Ricardo Hiroshi Ishida e foi enviado no mês de março ao ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal. Em nota publicada nas redes sociais, a senadora afirma que nunca teve contas pagas por terceiros nem recebeu dinheiro ilegal para ela mesma ou para campanhas eleitorais. Diz o texto: “a investigação se arrasta há dois anos e meio e não concluiu nada, a julgar pelas insinuações levianas, que remetem a terceiros, ao invés de sustentar acusações concretas. Não há qualquer fato ou prova que possa levar a isso”.
Paulo Bernardo chegou a ser preso quando a Custo Brasil foi deflagrada, em 23 de junho de 2016, mas foi solto seis dias depois por ordem do ministro do STF Dias Toffoli. O contrato investigado pela Polícia Federal não envolve diretamente a Consist. A autorização para descontos de empréstimo em folha de pagamento foi garantida por um termo firmado entre o Ministério do Planejamento, a Associação Brasileira de Bancos e o Sindicato Nacional das Entidades Abertas de Previdência Complementar.