Mesmo após ataques, ONU mantém cronograma de encerramento de missão no Haiti
A Organização das Nações Unidas (ONU) mantém o cronograma de encerramento da missão de estabilização e paz no Haiti mesmo após os ataques registrados contra bases de tropas internacionais recentemente desocupadas.
As ações foram registradas em Port-de-Paix, no noroeste do país, durante três noites seguidas na semana passada. Os alvos foram as instalações entregues às tropas brasileiras após a saída de militares do Paquistão, que também atuavam na missão. Houve confronto, mas até agora não há informação de feridos graves de nenhum dos lados. Port-de-Paix é uma comuna, algo como um Estado, no Brasil, onde vivem cerca de 462 mil pessoas.
De acordo com o Force Commander da Minustah, general Ajax Porto Pinheiro, um grupo de aproximadamente 15 pessoas tentou invadir o local rompendo uma cerca, avançando inclusive contra os agentes. O coronel Alexandre Cantanhede, comandante do 26º Contingente Brasileiro, explica que, ao que tudo indica, a intenção da investida teria sido tirar algum tipo de vantagem e não necessariamente atingir os brasileiros.
Para muitos haitianos, os ataques soam como um aviso de que ainda é cedo para o fim da missão. Para conter o grupo e evitar a entrada deles no espaço, os militares – do Esquadrão de Cavalaria brasileiro – precisaram usar bombas de gás, spray de pimenta e até munições de borracha, mas nada além disso. Os supostos invasores então revidaram, mas com paus e pedras e não tiros. Nenhum disparo real foi necessário, conforme a missão.
A antiga base paquistanesa no Haiti já passava pelo desmonte das estruturas das Nações Unidas pelas tropas brasileiras de Engenharia quando tudo aconteceu. O trabalho é necessário para que o terreno possa ser devolvido aos proprietários. A proteção do local era feita por equipes da Infantaria.
Ainda conforme a Minustah, a ação surpreende porque nada parecido havia sido registrado até agora em outras instalações desocupadas por equipes estrangeiras. A hipótese de que o ataque tenha sido orquestrado por gangues locais não está descartada.
A missão foi criada pela ONU em 2004, quando o Haiti estava à beira de uma guerra civil. Em abril deste ano, o Conselho de Segurança decidiu encerrar o mandato em outubro, com o fim das atividades militares nesta quinta, dia 31 de agosto.