Moro deve decidir se autoriza perícia nos recibos originais de pagamento de aluguel entregues pela defesa de Lula
O juiz Sérgio Moro ainda não definiu se irá autorizar uma perícia nos recibos originais de aluguel do apartamento em São Bernardo do Campo, que foram entregues pela defesa de Lula. A defesa protocolou na Justiça Federal do Paraná nesta terça-feira (24) à tarde os papéis que comprovariam os pagamentos de aluguel do apartamento vizinho ao do petista. A propriedade é alvo de ação penal na operação Lava Jato.
Segundo o Ministério Público Federal, Lula teria recebido o imóvel como propina da Odebrecht. O advogado do ex-presidente, Cristiano Zanin Martins, entregou, além de 31 comprovantes de quitação dos alugueis, uma carta do proprietário do imóvel, Glaucos da Costamarques, à ex-primeira dama Marisa Leticia, confirmando os pagamentos mensais.
Segundo o advogado, um último documento original protocolado na 13ª Vara Federal de Curitiba foi o contrato de locação do apartamento celebrado entre Marisa Letícia e Costamarques do dia 1° de fevereiro de 2011.
Após apresentação à imprensa, os advogados levaram os recibos à sede da Justiça Federal em Curitiba. A entrega dos documentos foi acompanhada por um notário para dar fé pública aos comprovantes de pagamento e confirmar o estado em que foram apresentados. Zanin Martins explicou que o objetivo é dar transparência aos registros feitos pelo órgão e dar mais segurança jurídica ao processo.
A defesa de Lula havia solicitado uma audiência formal para entregar os recibos, com a presença de um perito, mas o juiz Sérgio Moro negou a solicitação. Após a apresentação de cópias dos documentos no processo, com algum dos recibos com erros de grafia e com datas inexistentes, o Ministério Público Federal pediu a Moro que autorizasse uma perícia no material. O magistrado ainda não decidiu sobre a questão, mas exigiu que a defesa de Lula entregasse os documentos originais.
Durante coletiva de imprensa, a defesa do ex-presidente Lula ainda criticou a necessidade de apresentação dos comprovantes. Segundo Cristiano Zanin Martins, o objeto da denúncia era a compra de dois imóveis com dinheiro proveniente da corrupção em oito contratos de empreiteiras com a Petrobras. No entanto, para a defesa, em nenhum momento foram apresentadas provas nesse sentido.
Nesta ação penal, Lula é acusado de corrupção e lavagem de dinheiro. Segundo o MPF, o ex-presidente recebeu benefícios da Odebrecht por meio da compra de um terreno onde seria instalada uma nova sede para o Instituto Lula – o que nunca aconteceu – e da compra, em nome de um laranja, do apartamento em São Bernardo do Campo. No último interrogatório, Lula negou todas as acusações.