MPF Considera que várias provas indicariam a existência de um esquema de fraudes na BRF Brasil Foods
O Ministério Público Federal considera que uma série de elementos comprovariam que executivos da BRF e funcionários do quadro técnico da empresa alimentavam um esquema de fraudes para burlar a fiscalização do Ministério da Agricultura.
Segundo um documento assinado pela procuradora Lyana Helena Kalluf – anexado aos autos da terceira etapa da Operação Carne Fraca – o ex-presidente global da BRF Brasil Foods, Pedro de Andrade Faria, foi alertado sobre as irregularidades, mas não tomou nenhuma providência a respeito, muito pelo contrário, teria agido de forma a manter a sistemática criminosa.
O ex-executivo foi preso temporariamente na última etapa da Operação e permanece detido na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba.
Segundo a procuradoria, a manutenção da prática representaria a existência de associação criminosa entre funcionários da empresa. No parecer do MPF que embasa o pedido de prisão de Pedro de Andrade Faria e também do ex-vice-presidente do grupo, Hélio Mendes dos Santos Júnior, a procuradora aponta que existem indícios de que era uma política da empresa adulterar laudos e criar documentos ideologicamente falsos e, portanto, a possibilidade de que funcionários da BRF ligados ao esquema promovam a destruição de provas é grande.
Ainda segundo o documento, é difícil mensurar o alcance dos atos criminosos praticados pela empresa, que colocavam em risco a saúde e também a credibilidade do Brasil no mercado externo. A procuradora ressaltou ainda que e-mails e documentos que integravam o processo trabalhista da ex-funcionária Adriana Marques Carvalho e aqueles encontrados durante as diligências feitas nas primeiras etapas da Carne Fraca demonstraram que a cúpula da BRF sabia das fraudes e acobertava o esquema, sem jamais questionar os procedimentos.
Adriana teria trocado mensagens com a responsável pela qualidade dos produtos da empresa, Fabianne Baldo, alertando para as supostas alterações feitas em análises nas carnes de aves. Para a procuradora, salta aos olhos o fato de que as comunicações chegaram até ao ex-presidente Pedro de Andrade Faria sem que ele reagisse de forma a promover mudanças na corporação.
Além de investigar a alteração de análises feitas em frangos para a omissão da presença da bactéria Salmonella com o intuito de que os produtos fossem vendidos para o exterior – a nova etapa da Carne Fraca apura ainda a adulteração na composição das rações de engorda dos animais.
De acordo com depoimentos prestados por ex-funcionários da BRF, a prática de alterar os rótulos dos produtos era comum, para burlar a fiscalização dos órgãos competentes.