Novas viaturas humanizadas são alvo de reclamações de policiais militares
Com pouco espaço dentro das viaturas adquiridas recentemente pelo governo do Estado, muitos policiais militares denunciam que têm sido obrigados a trabalhar no “camburão” dos veículos, chamados humanizados.
O alvo das queixas é a funcionalidade dos automóveis. Os agentes alertam para os inúmeros riscos a que estão sujeitos devido à falta de mobilidade, o que comprometeria o embarque e o desembarque e principalmente os acompanhamentos táticos e situações de troca de tiros.
Orélio Fontana, presidente da Apras, a Associação de Praças do Estado do Paraná, concorda que a iniciativa é um avanço, mas explica que os carros só servem para algumas atividades específicas.
As viaturas humanizadas são da marca Toyota, modelo Etios. A principal diferença em relação aos veículos convencionais é que os novos foram adaptados para transportar o preso no banco de trás e não mais no porta-malas. Para isso, o ambiente traseiro é isolado do dianteiro por uma divisória de aço e há telas nas laterais, e o problema é que essa estrutura limita o espaço disponível para os policiais.
A complicação é tanta que a Apras afirma ser quase impossível o uso desses automóveis nas atividades de patrulhamento.
Fotos que circulam na internet e também em aplicativos de mensagens mostram policiais com pouco espaço no banco da frente das viaturas. E há questionamentos dos agentes, inclusive, sobre o uso dos veículos humanizados na Patrulha Escolar – um dos possíveis destinos desses carros – já que a legislação impede a presença de menores de idade na cela e não há outro ambiente para isso.
O artigo 178 do Estatuto da Criança e do Adolescente proíbe o transporte do menor infrator em compartimento fechado de veículo policial de modo a colocar em risco a integridade física ou a dignidade da criança ou adolescente.
Procurada, a Sesp, Secretaria de Segurança Pública, se manifestou por meio da assessoria de imprensa. Em nota, o órgão afirma que o uso das viaturas vai ser regulamentado em breve pela Polícia Militar.
O documento diz ainda que, até agora, 90 viaturas humanizadas foram entregues, de uma compra de 1.100 que obedeceu a critérios estabelecidos via convênio com o governo federal. E que a atribuição delas, o uso, é para um nicho bem definido – menores, pessoas de idade ou pessoas com alguma deficiência física.
O comunicado da Sesp informa também que esses veículos em específico não são projetados para o patrulhamento normal – para essa função foram adquiridas mais de mil viaturas com cela. E que por se tratar de uma novidade, pode haver um certo estranhamento no início, mas a ferramenta vai ser muito útil e necessária após a devida regulação.