Um perito indicado pela defesa de Lula concluiu que não há qualquer relação entre o ex-presidente e recursos que teriam sido destinados pela Odebrecht para supostas obras realizadas no sítio de Atibaia. O laudo foi apresentado ontem (16) na ação penal em que Lula é acusado de ter sido beneficiado pela empreiteira por meio de benfeitorias na propriedade. O ex-presidente vai ser interrogado neste processo em setembro.

O perito examinou uma cópia do sistema MyWebDay, usado na contabilidade paralela da Odebrecht. Segundo o assistente técnico indicado pela defesa de Lula, não é verdadeira a versão apresentada por delatores da empreiteira sobre a origem e destinação de 700 mil reais para as obras no sítio. O perito afirma que o valor não saiu de contratos firmados pela Petrobras e, ‘por meio da técnica de seguir o caminho do dinheiro’, teria ficado comprovado que o montante não tem relação com Lula ou com o sítio de Atibaia.

Em maio, a Polícia Federal apresentou à Justiça um laudo que indicaria a saída de recursos de caixa dois da Odebrecht para supostamente financiar reformas na propriedade. O documento apontou movimentações correspondentes aos 700 mil reais, valor que teria sido destinado às obras no sítio alvo da Lava Jato.

No entanto, os peritos indicaram que não teriam sido encontradas nas pesquisas efetuadas nos sistemas Drousys e MyWebDay documentos ou lançamentos que fizessem referências a termos como ‘Atibaia’, ‘Sítio’ ou ‘Santa Bárbara’, que é o nome da propriedade. Sem essas referências, a defesa de Lula avaliava que o laudo da PF afastava a relação da planilha apresentada por delatores e o sítio.

Na Justiça Federal do Paraná, além da ação penal que apura a propriedade do imóvel em Atibaia, Lula foi condenado no processo relacionado ao tríplex do Guarujá; o ex-presidente ainda é réu na ação envolvendo recursos ilegais que teriam sido destinados a construção de uma nova sede do Instituto Lula, além da compra de um apartamento em São Bernardo do Campo.