Sérgio Moro concede primeira entrevista após prisão de Lula para a revista Crusoé
O juiz Sérgio Moro disse, em entrevista publicada ontem (04) pela Revista Crusoé, que está apenas fazendo o trabalho como magistrado e que não há, ou nunca houve, ‘questão pessoal entre’ ele e Lula. Foi a primeira manifestação de Moro à imprensa depois que ele mandou prender o ex-presidente, há um mês. O despacho com a ordem de prisão foi emitido no dia 5 de abril.
O prazo para Lula se entregar terminou no dia seguinte, mas o ex-presidente se apresentou somente um dia mais tarde, no sábado, dia 7. Na entrevista, Moro diz que não se sentiu desafiado com a estratégia de Lula para se entregar e afirmou que não era ‘uma questão de mostrar quem é o mais forte, mas de agir com sabedoria’.
O juiz citou que ‘se o mandado de prisão tivesse que ser cumprido a força’, poderia ter resultado em ‘riscos aos policiais’, a Lula ‘e aos militantes partidários’. Moro afirmou que ‘não temos aqui em Curitiba uma jurisdição universal’. O juiz disse que ‘às vezes colocam responsabilidade’ sobre a 13ª Vara ‘de casos que nem se encontram’ nas mãos dele.
Sobre a foto em que aparece em uma imagem de aparente intimidade com o senador Aécio Neves, do PSDB, em um evento público, o juiz usou a expressão ‘momento ruim porque deu uma impressão errada, gerou uma impressão que não era verdadeira’. Moro disse que ‘aquilo foi utilizado para ilustrar algo que não é real, para mostrar alguma influência do senador, alguma seletividade’.
O juiz ainda classificou como ‘injustas as críticas’ de que o trabalho dele ‘seria seletivo’. Sobre eleições, Moro afirmou que ‘um juiz tem que tomar muito cuidado para não externar preferências políticas’ e garantiu que pretende manter a promessa de não ‘concorrer a nenhum cargo político’.
Por outro lado, disse também que ‘não tem nada de inerentemente errado no fato de um juiz, um procurador ou um membro da polícia seguir a carreira política’.