Sob suspeita, lateral do Rio Branco nega ter colaborado para manipulação de resultados no Paranaense
O Tribunal de Justiça Desportiva do Paraná (TJD-PR) deve abrir um inquérito para investigar uma suposta tentativa de manipulação de resultados no Campeonato Paranaense. Na última semana, o presidente do Rio Branco, de Paranaguá, Leandro Ribeiro, acusou o lateral-esquerdo Thiaguinho de intermediar conversas entre um bicheiro e jogadores do clube para que os atletas entregassem a partida contra o Londrina, válida pela última rodada da Taça Caio Júnior. O esquema favoreceria apostadores de sites internacionais.
De acordo com um profissional do clube, que preferiu não se identificar, às vésperas do encerramento do returno, o goleiro do clube, Flaysmar, revelou ao preparador de goleiros do Rio Branco que tanto ele quanto o atacante Rodrigo Jesus teriam recebido uma proposta para entregar a partida para o Londrina. O contato teria sido feito por um bicheiro, por meio de uma ligação feita direto do telefone do lateral-esquerdo Thiaguinho.
O jogador admite que conheceu o bicheiro em Recife. De acordo com Thiaguinho, cada um dos atletas procurados pelo homem receberia R$ 5 mil reais para entregar a partida. O lateral disse que só repassou a proposta aos companheiros depois de muita insistência do bicheiro.
Machucado, Thiaguinho não jogou nenhuma partida do returno do Paranaense. O jogador nega que tenha se beneficiado de qualquer esquema criminoso e se diz arrependido de ter intermediado o contato com os colegas.
Toda a trama veio à tona depois do vazamento de conversas entre Thiaguinho e os colegas de clube no Whatsapp. O conteúdo chegou ao presidente do Rio Branco, que levou o caso até o Ministério Público Federal. A denúncia foi recebida pela Procuradoria Regional de Paranaguá, mas, de acordo com o MPF, vai ser arquivada por não ser de competência do órgão.
Na esfera esportiva, o presidente do Tribunal de Justiça Desportiva do Paraná, Leandro Souza Rosa, explica que todos os indícios já levantados permitem a abertura de um inquérito para investigar a suposta tentativa de manipulação.
Assim que for instaurado, o inquérito tem duração de 15 dias, prorrogáveis por mais 15 dias. Em nota, a Federação Paranaense de Futebol afirmou que foi procurada pelo Rio Branco para uma reunião. A entidade diz que o departamento jurídico acompanha o caso e que ainda não tem um posicionamento concreto porque todas as informações recebidas, até agora, até agora vieram pela imprensa.
Finalista da Taça Dionísio Filho contra o Coritiba, o Rio Branco não repetiu o mesmo desempenho no returno do campeonato estadual e só venceu uma partida em cinco rodadas da Taça Caio Júnior. Nas três primeiras partidas, o time de Paranaguá sofreu três goleadas: perdeu por 4 a 2 para o Toledo; 4 a 0 para o União e 7 a 1 para o Atlético. No último jogo, em que houve a tentativa de manipulação, o Leão da Estradinha perdeu por 4 a 1 para o Londrina.
Com a campanha ruim, a equipe terminou na lanterna do grupo B, com apenas três pontos. Já na classificação geral, o clube terminou na décima colocação – a apenas um ponto de ser rebaixado para a Série Prata do Campeonato Paranaense. Além da crise dentro de campo, fora dele os jogadores cobram quase dois meses de salários atrasados pela diretoria. A crise disparou uma ameaça de greve de jogadores ainda durante a disputa da Taça Caio Júnior.
A Bandnews procurou o presidente do Rio Branco, Leandro Ribeiro, mas ele não retornou os nossos pedidos de entrevista.