A jornalista Claudia Cruz, esposa do ex-deputado federal e ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, foi condenada nesta quarta-feira (18) pelo crime de evasão de divisas em processo da Operação Lava Jato julgado no Tribunal Regional Federal da 4ª Região, em Porto Alegre.

A condenação imposta a ela foi de dois anos e seis meses de reclusão, com início da pena em regime aberto. Em primeira instância, o juiz Sérgio Moro absolveu a jornalista tanto do crime de lavagem de dinheiro como o de evasão fraudulenta de divisas por insuficiência de provas.

No entanto, os desembargadores do Tribunal de segunda instância entenderam que a jornalista usou e ocultou valores no exterior fruto dos esquemas de corrupção do marido. Ainda cabe recurso e por se tratar de uma pena restritiva de direitos Cláudia não deverá ser presa. Os desembargadores do TRF4 também decidiram acolher um pedido da defesa de Claudia Cruz, para que fosse liberado o confisco de 176,6 mil francos suíços de uma conta bancária.

O advogado da jornalista, Pierpaolo Bottini, considera a decisão positiva, porque manteve a absolvição por lavagem de dinheiro. Em relação à condenação por evasão de divisas, a defesa afirma que que vai questionar a deliberação por meio de recursos cabíveis, já que não foi uma determinação unânime do TRF4.

Além de Claudia Cruz, o colegiado também condenou e ampliou a pena de outros réus na mesma ação penal. Jorge Zelada foi condenado a oito anos, dez meses e 20 dias por corrupção passiva; João Augusto Rezende Henriques foi condenado a 16 anos, três meses e seis dias pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas; e Idalécio de Castro Rodrigues de Oliveira foi condenado a 12 anos e oito meses de prisão pelos crimes de corrupção ativa e lavagem de dinheiro.

De acordo com as investigações da força-tarefa da Lava Jato, Cláudia Cruz foi favorecida, por meio de contas na Suíça, de parte de valores de uma propina de cerca de US$ 1,5 milhão recebida pelo marido, o então deputado Eduardo Cunha. Ainda conforme a acusação, o dinheiro teve origem em um contrato da Petrobras para exploração de petróleo em Benin, na África.