Nova etapa da Lava Jato mira negócios bilionários da Petrobras com empresas estrangeiras
Um dos alvos da nova fase da Lava Jato é o ex-gerente da Petrobras, Carlos Roberto Martins Barbosa, apontado como líder do esquema de corrupção no setor de trading da Petrobras, responsável pela compra e venda de petróleo e derivados junto ao mercado internacional. Barbosa está hospitalizado no Rio de Janeiro, com problemas de saúde, mas logo que deixar o internamento deve ser preso. Segundo as investigações, multinacionais pagavam propina a funcionários da estatal para obter facilidades, como conseguir preços mais vantajosos e realizar contratos com maior frequência.
Pelo menos 31 milhões de dólares teriam sido pagos em propinas para funcionários da Petrobras, entre 2009 e 2014, por parte de grandes empresas internacionais do setor. Entre elas estão a Vitol, Trafigura e Glencore. Há suspeita de que, entre 2011 e 2014, essas três empresas efetuaram pagamentos de propinas para intermediários e funcionários da Petrobras, relacionadas a mais de 160 operações de compra e venda de derivados de petróleo e aluguel de tanques para estocagem.
De acordo com o procurador da República, Athayde Riberio Costa, os envolvidos no esquema denominavam de “delta” as vantagens indevidas obtidas na negociação.
Os subornos beneficiaram servidores da gerência executiva de Marketing e Comercialização, subordinada a diretoria de Abastecimento da Petrobras, que por sua vez era comandada por Paulo Roberto Costa, já condenado na Lava Jato e que cumpre pena em casa. Os procuradores do Ministério Público Federal afirmam que Costa não revelou esse esquema na delação premiada e que, por isso, pode ser ouvido novamente, ser alvo de medidas judiciais correndo o risco inclusive de perder os benefícios concedidos por conta da colaboração.
O montante de vantagens indevidas que movimentou o sistema instalado no setor de traiding pode ter sido ainda maior e os prejuízos a estatal ainda devem ser calculados.
A nova etapa recebeu o nome de Operação Sem Limites em referência aos crimes praticados inclusive no exterior e a busca desenfreada por ganhos de todos os envolvidos. O delegado da Polícia Federal, Filipe Hille Pace destaca que provas obtidas a partir da análise da troca de mensagens eletrônicas revelariam os rastros deixados pelos envolvidos no esquema de corrupção.
De acordo com o delegado, há indícios de que o pagamento de vantagens indevidas tenha extrapolado o período investigado e prosseguido até os dias de hoje.
Na etapa Sem Limites – 57ª fase da Lava Jato – foram cumpridos mandados em Curitiba e também nas cidades de Niterói, Petrópolis e Rio de Janeiro. Um dos alvos de busca e apreensão foi na capital paranaense: em um imóvel do diretor de uma empresa de transporte marítimo, Omar Emir Chaves Neto.
Ele é ligado ao ex-cônsul honorário da Grécia, Konstantinos Kotronakis, que chegou a ser proibido de deixar o país, pelo então juiz federal Sérgio Moro, isso durante a 43ª fase da Lava Jato, por suspeita de pagar propina ao ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa. Entre os 11 alvos de prisão preventiva estão executivos ligados ao escritório da Petrobras em Houston, no estado do Texas, Estados Unidos, e do Centro de Operações no Rio de Janeiro.
Reportagem: Juliana Goss