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3 filmes para conhecer Jordan Peele

Em homenagem ao lançamento do seu novo filme “Não!Não Olhe!”

 3 filmes para conhecer Jordan Peele

Foto: Divulgação

Jordan Peele nasceu em Manhattan em Nova Iorque no dia 21 de fevereiro de 1979. Peele é um diretor, produtor e roteirista que tem um enorme pelo cinema e entrou nesse mundo com apenas 12 anos de idade. Antes de seu lançamento no cinema, o diretor trabalhava com a comédia e atuava em uma série humorística chamada MADtv e Key & Peele. 

Mas sua verdadeira ascensão veio com o filme “Corra!”, protagonizado por Daniel Kaluuya, que estreou em 2017. O filme fez um enorme sucesso batendo diversos recordes e sendo indicado a quatro categorias na premiação do Oscar, levando para casa a estatueta de Melhor Roteiro Original. O filme inclusive também foi eleito pelo Sindicato dos Roteiristas da América como o melhor roteiro do século XXI. No ano seguinte o diretor co-produziu o longa “Infiltrado na Klan” com Spike Lee, que também foi indicado ao Oscar. E em 2019 ele volta com uma obra de sua autoria com o filme “Nós”, estrelado por Lupita Nyong’o, que ficou marcado por ser o filme de terror com maior bilheteria na história. E em 2022 ele vem com mais uma obra, o filme Não! Não Olhe!, que estreou na última quinta-feira (25).

O diretor conquista os fãs com filmes com características bem marcadas. Além de muito criativo, Peele, traz tramas que parecem simples ao primeiro olhar, que vão se desenvolvendo se tornando mais complexas, mas ainda sim muito compreensivas. O roteirista inovou o gênero do Terror/Thriller com narrativas que trazem diversas críticas e ainda trazem toques de humor, ainda conseguindo incomodar, impactar e instigar o espectador. Constantemente o diretor aborda em seus filmes temáticas sociais e políticas e traz muita representatividade negra. Além disso, Peele usa bastante o terror psicológico, conseguindo transmitir as sensações dos personagens para o público

Em homenagem ao lançamento de Não!Não Olhe! confira críticas dos filmes do diretor:

Confira o resumo da matéria:

Corra! – Disponível em: Amazon Prime e Telecine

Foto: Divulgação

O longa conta a história de Chris Washington (Daniel Kaluuya), um homem negro que se prepara para conhecer os pais de sua namorada, Rose Armitage (Alison Williams), uma mulher caucasiana. Ao passar um tempo com a família de Rose, Chris começa a estranhar alguns comportamentos.

O filme é dirigido e escrito por Jordan Peele traz uma trama que a princípio parece simples, e que vai se desenrolando ao longo de seus 104 minutos. O roteiro do filme é muito interessante e bem escrito. Ele traz diversos detalhes que apenas complementam o grande plot twist e ainda dá a chance do espectador adivinhar o final. Porém o roteiro em diversos momentos tenta enganar o público os fazendo seguir outros caminhos. Todas essas dicas são expostas de maneira sutil, da forma que mesmo podendo acertar o final, a última reviravolta não é entregue, ainda sendo chocante e impactante. 

Além disso, o diretor ainda traz críticas muito bem colocadas sobre o racismo, explorando diversas camadas e níveis durante a trama. As críticas vão desde algumas mais óbvias até para algumas inseridas no meio da narrativa, conseguindo trazer reflexões para o público com perguntas como “e se…”.

Apesar de explícito para quem assiste, o racismo usado pelos familiares de Rose é bem camuflado, expresso através de um preconceito não verbalizado, com comentários maldosos que se disfarçam como elogios. Algo que fica explícito na cena em que Chris conhece os amigos dos pais de Rose, em que ele é tratado  

Essa questão pode ser vista pela própria fotografia, que alterna com cenas diurnas e noturnas. Grande parte das cenas durante o dia, são momentos em que o preconceito, embora presente, é velado. Já nas cenas noturnas é quando ocorre a maior parte das cenas de terror.

O roteiro e a direção ainda são muito inteligentes, conseguindo jogar o espectador para dentro da trama com uma obra muito imersiva, conseguindo passar a sensação claustrofóbica e desesperadora que o protagonista sente para o público, também o aproximando do espectador. Além disso, parte disso é gerado pois durante o filme todo acompanhamos exclusivamente Chris, dessa forma, vamos desenrolando a trama junto com ele. Essa decisão não só faz com que o espectador crie laços facilmente com o personagem, mas também faz com que a s sensações sejam mais palpáveis e assustadoras e dando noção dos riscos envolvidos.

Ainda impressiona a maneira como Peele constrói o suspense e a tensão no filme trazem uma sensação intencional de desconforto para a audiência, que vem desde o ponto que Chris pisa na casa de Rose. A inquietação sentida pelo personagem também é intensificada pelos movimentos de câmera que em nenhum momento fica 100% parada, sempre passando a sensação de que algo está errado.

Mesmo sendo recheado de suspense e terror, o filme ainda consegue dar espaços a cenas e momentos mais engraçados, trazendo uma maior naturalidade para o longa. Essa comédia ainda vem junto também com um nervosismo, como uma forma do protagonista tentar lidar com os eventos que ele presencia.

O longa ainda conta com uma performance impecável de Daniel Kaluuya, que traz uma atuação muito convincente e real, com reações naturais aos eventos evidenciados. O ator transita com muita naturalidade todas as sensações que o personagem sente ao longo de sua estadia, conseguindo passar com facilidade esses sentimentos para o espectador. Outra performance interessante é a de Allison Williams que traz uma personagem com atitudes muito controversas ao longo de todo filme. E completando o elenco principal Bradley Whitford e Catherine Kenner que interpretam os pais de Rose com perfeição. Whitford traz um pai bem característico com piadas sem graça que trazem um racismo escondido. Já Kenner entrega uma performance digna de Oscar com uma personagem amedrontadora que não precisa aumentar o tom de voz para assustar, trazendo uma suavidade que incomoda e mantém com excelência a tensão do longa.

Com um final impecável e impactante Jordan Peele finaliza o filme Corra! com perfeição. O longa inovou os gêneros dos filmes thriller com uma narrativa criativa e original que consegue assustar com eventos que não dependem do sobrenatural, trazendo uma crítica forte e marcante.

Nós

Foto: Divulgação

O filme acompanha Adelaine (Lupita Nyong’o) e seu marido Gabe (Winston Duke) que resolvem  passar o feriado com seus filhos até uma casa no lago. Porém o feriado e o descanso da família é ameaçado quando eles são feitos de reféns por seres exatamente iguais a eles.

O filme foi dirigido e roteirizado por Jordan Peele seguindo a mesma essência de Corra!, um filme de terror que ainda sim traz críticas e reflexões sobre alguma questão social. E assim como no filme de 2017, o longa cria cenas de tensão com perfeição, construindo momentos de terror levando em conta até os mínimos detalhes, conseguindo fazer até as cenas mais banais, como um passeio na praia, um momento assustador. 

Porém, ao contrário da primeira obra de Peele, Nós, sai do suspense e traz um aspecto voltado 100% para o terror sem espaços para cenas engraçadas, realmente buscando apavorar. Além disso, a primeira vista o filme se apega muito ao estranhamento, desde o início já trazendo uma atmosfera incomoda que se mantém até o final. 

E essa atmosfera de terror é aumentado pela trilha sonora, com músicas que não só fazem sentido e complementam a trama como intensificam o medo, pela direção, com movimentos de câmera rápidos e às vezes ininterruptos dando a sensação de imediato e nervosismo, e pelos figurinos e maquiagens, que somados as atuações dos atores, de fato transformam suas sósias em outras pessoas, quase como se fossem outros atores.

E nesse filme a crítica não só é feita de maneira mais sutil, mas também dá abertura para diversas análises. Há duas linhas principais que a maioria dos espectadores seguem. A primeira é a de que o diretor quis evidenciar que todos os humanos têm um “mal” dentro deles, podendo este ter sido gerado de nascimento ou por uma condição. A segunda linha, mais próxima da de Corra!, fala sobre a meritocracia e a enorme desigualdade social presente nos Estados Unidos.

O grande foco da trama são as atuações, todos os atores impressionam ao trazerem não só uma, mas duas performances extraordinárias. As crianças entregam atuações muito interessantes que fazem relação com as personalidades de seus personagens, recheadas de minuciosos detalhes. Elisabeth Moss, que interpreta uma amiga de Adelaine, surpreende positivamente com uma performance de arrepiar. 

Mas o destaque é Lupita Nyong’o. A atriz entrega duas impecáveis e assustadoras performances. O mais impressionante é as diferenças entre as duas personagens, a ponto que é fácil reconhecer as duas, quase como se fossem duas atrizes diferentes. Adelaide original é uma mãe carinhosa e afetiva, muito bondosa. Já sua cópia é assustadora e ameaçadora, a ponto que o olhar e presença dela incômoda causando um desconforto. A atriz, ainda, estabelece uma voz própria para a outra Adelaide que parece quase que um sussurro, como se tivesse se sufocando. Ambas as personagens têm aspectos bem complexos, os quais a atriz desenvolve perfeitamente. 

Nós é um dos mais negligenciados filmes de terror recentes que, mesmo com direção, roteiro, atuações e produção impecáveis, não foi indicado a nenhuma categoria da premiação do Oscar. Ainda sim, o filme reafirma o talento de Jordan Peele com uma história criativa e assustadora.

Não!Não Olhe! – Disponível nos cinemas

Foto: Divulgação

O longa acompanha os irmãos OJ (Daniel Kaluuya) e Emerald Haywood (Keke Palmer) que vivem no Vale de Santa Clarita, nos arredores de Los Angeles. Os dois  irmãos trabalham em um rancho herdado de seu pai, Otis Haywood Sr. (Keith David), que trabalhava como domador de cavalos que eram utilizados pela indústria cinematográfica. Os irmãos querem continuar com os negócios do pai, porém eles enfrentam muitos desafios tendo que vender diversos cavalos para conseguir manter o rancho. Até que um dia OJ e Emerald se deparam com um mistério quando fenômenos inexplicáveis passam a acontecer. Tentando sair da crise financeira, os irmãos passam a tentar filmar e registrar esse mistério com estratégias cada vez mais elaboradas.

Assim como os irmãos, Ricky “Jupe” Park (Steven Yeun), também se interessa em lucrar em cima dos eventos estranhos. Jupe é dono do rancho vizinho dos Haywood, o  Jupiter’s Claim, que é um parque temático no estilo da Corrida de Ouro da Califórnia. Jupe ficou conhecido por ser um ex-astro mirim, que teve sua carreira marcada por uma horrenda tragédia que aconteceu em uma série em que ele participava. 

Dessa vez, Jordan Peele explora o território da ficção científica e traz reflexões sobre a indústria do entretenimento, o espetáculo envolvido na mídia e toda violência e oportunismo presente nessa área. 

Uma das características em comum com as outras obras de Peele é a construção da tensão feita de forma impecável, realmente trazendo o espectador para dentro da trama e dando a ele a oportunidade de sentir o mesmo que os personagens, prendendo a atenção do começo até o fim graças ao suspense em tela. Parte disso é gerada por Jordan Peele resgatando a essência dos blockbusters, trazendo um longa com uma trama que à primeira vista parece simples, e explorando ela de uma forma compreensível, interessante e de certa forma trazendo um novo ponto de vista, trazendo um filme cheio de aventura. E não é atoa que o filme lembra muito “Contatos Imediatos de Terceiro Grau” dirigido pelo pai dos blockbusters Steven Spielberg, construindo o suspense em cima do medo do desconhecido. 

Essa sensação de aventura também é intensificada na trilha sonora com músicas que fazem referências aos grandes filmes de faroeste mas ainda sim trazem trazem melodias sinistras que conseguem arrepiar e assustar, compondo o filme com perfeição. Além disso, os movimentos de câmera e enquadramentos também impressionam, conseguindo transportar os espectadores para dentro da aventura. Peele, embora se utilize de técnicas já costumeiras dos filmes de terror, surpreende trazendo muitas cenas com uma fotografia mais colorida – com cores que de destacam na vastidão do deserto em que o filme se passa – em grandes espaços abertos durante o dia, quesito que lembra muito o assustador Midsommar, mas, ainda sim, conseguindo trazer o medo de maneira palpável para o público. E, completando esses aspectos, o filme traz uma completa imersão já que foi filmado usando tecnologia IMAX.

Ao contrário dos outros filmes do diretor, Não!Não Olhe! traz cenas e momentos engraçados muito bem posicionados e encaixados na trama que não só diverte como também humanizam os personagens.

Por falar em personagens, as atuações, apesar de não serem o principal destaque do filme, ainda sim, impressionam. Keke Palmer e Daniel Kaluuya tem uma dinâmica muito interessante agindo de forma convincente como irmãos. Os personagens também são muito reais e verdadeiros com suas ações que não só são condizentes com suas personalidades, garantindo continuidade ao longa, mas também com a própria realidade, com reações muito naturais que, embora engraçadas às vezes, condizem com o que a audiência sente. 

Daniel Kaluuya como sempre traz uma performance maravilhosa dessa vez vivendo um personagem mais quieto, trabalhador e introspectivo, ao estilo Clint Eastwood mas muito mais bondoso e descolado, que tem um carinho enorme pela empresa do pai e está disposto a fazer de tudo para manter o legado. Já Keke Palmer impressiona com uma personagem muito informal, divertida e falante, quase o completo oposto de seu irmão, que rende as cenas mais engraçadas do longa. A atriz entrega uma personagem muito carismática que consegue com facilidade conquistar a empatia do público.

Surpreendente, único e amedrontador, Não!Não Olhe! é de fato um dos grandes lançamentos de 2022 trazendo um thriller que destoa bastante das outras obras do diretor mas que ainda sim conseguem fazer refletir e assustar, deixando o espectador à beira do assento durante seus 130 minutos de duração.

Por Carolina Genez com supervisão de Angela Luvisotto

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