Com a pandemia, a premiação do Oscar abriu as portas para filmes originais de Streaming. A 94° cerimônia do Oscar ocorreu no último domingo de março (27) onde o filme No Ritmo do Coração (original da Amazonprime), levou para casa a estatueta de Melhor Filme.

Mesmo não tendo ganhado o maior prêmio da noite, a Netflix fez história com diversos títulos originais indicados a pelo menos uma categoria. Dentre eles, o favorito das críticas, Ataque dos Cães, que somou 12 indicações ao todo e impressionou já que do seu elenco principal, todos receberam indicações.

Confira abaixo filmes disponíveis na plataforma do streaming da Netflix:

Ataque dos Cães

O filme acompanha os irmãos Phil (Benedict Cumberbatch) e George (Jesse Plemons) que administram um rancho juntos. Porém os irmãos passam por desentendimentos quando George se apaixona por Rose (Kirsten Dunst), uma mulher que Phil detesta, e leva ela e o filho Peter (Kodi Smit-McPhee) para morar no rancho.

O filme entrega uma discussão sobre a masculinidade através dos personagens, que têm hábitos e personalidades bem diferentes e toca em sentimentos como amor, ódio, desprezo e repreensão.

O longa tem uma atmosfera de terror psicológico, trazendo uma sensação de perigo iminente, o que é ressaltado através da fotografia que mostra a imensidão do deserto, passando um sentimento de solidão junto com a trilha sonora.

Além das indicações nas categorias de atuação, o filme ainda foi indicado a Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Fotografia, Melhor Montagem, Melhor Mixagem de Som, Melhor Direção de Arte e Melhor trilha Sonora Original. Destes, infelizmente, só ganhou a estatueta de Melhor Direção.

Mas ainda assim, a vitória do filme foi histórica já que a diretora, Jane Campion, foi a terceira mulher a vencer a categoria em toda a história do Oscar, antecedida por Kathryn Bigelow por Guerra ao Terror (2010) e Chloé Zhao por Nomadland (2020).

Mesmo não tendo levado a maioria dos prêmios no Oscar, Ataque dos Cães recebeu o Globo de Ouro de Melhor Filme Dramático, o Critics Choice Award de Melhor Filme e o Bafta de Melhor Filme.

Não Olhe Para Cima

O filme acompanha os astrônomos Dr. Randall Mindy (Leonardo DiCaprio) e Kate Dibiasky (Jennifer Lawrence) que descobrem um meteorito que está prestes a colidir com o planeta Terra. Os cientistas, então, resolvem alertar as autoridades e a imprensa sobre o perigo que se aproxima, porém ninguém os leva a sério.

O longa é uma sátira que traz à tona temas atuais como o negacionismo, a alienação e o estado disfuncional da política e da mídia. E apesar da óbvia relação da trama do filme com o período vivido na pandemia, McKay escreveu o roteiro antes, porém só resolveu desenvolvê-lo agora.

Um dos grandes destaques da obra é seu elenco já que, além de ambos protagonistas serem vencedores do Oscar, o filme traz nomes como Meryl Streep, Cate Blanchett, Tyler Perry, Jonah Hill, Timothée Chalamet, Mark Rylance e até uma participação Ariana Grande.

O filme foi indicado nas categorias de Melhor Roteiro Original, Melhor Montagem, Melhor Trilha Sonora Original e Melhor Filme. Porém ele foi infeliz na premiação, voltando para casa de braços vazios.

Tick…Tick…Boom!

O musical conta a história de Jonathan Larson (Andrew Garfield), um homem que revolucionou o teatro com sua peça Rent, que ficou em cartaz na Broadway por 12 anos. O filme acompanha sua trajetória antes da fama, quando trabalhava em uma lanchonete nos anos 90 em Nova Iorque e escrevia o que ele achava que ia ser seu primeiro sucesso, que ia ser apresentado em um workshop no final da semana.

O filme foi dirigido por Lin-Manuel Miranda, que também escreveu musicais como: In the Heights e Hamilton. Assim como o próprio nome, o longa tem um ritmo de uma bomba relógio, já que Jonathan Larson afirma diversas vezes sobre a pressão que sente de estar quase completando 30 anos e ainda não ter chegado à fama. 

O longa ainda tem uma maravilhosa trilha sonora, com músicas incríveis, que são executadas de maneiras muito criativas. Além disso, os números musicais são muito bem coreografados, e mesmo com o ritmo de bomba relógio, eles ainda mantêm uma carga emocional.

A obra foi indicada a categoria de Melhor Ator e Melhor Montagem, porém infelizmente não ganhou nenhuma. Mas Andrew Garfield conseguiu conquistar o Globo de Ouro de melhor ator em Comédia ou Musical e o Satelite Award de Melhor Ator em Drama ou Comédia

A Mão de Deus

Em Nápoles nos anos 80 o filme acompanha Fabietto Schisa (Fillippo Scotti) e sua família única e traz uma história sobre amores, perdas, autoconhecimento e destino. 

O filme foi dirigido, escrito e produzido por Paolo Sorrentino e tem uma pegada bem íntima e nostálgica e ao mesmo tempo pé no chão, mas que ainda sim consegue cativar e apaixonar.

O longa pode ser facilmente classificado como um Coming of Age e, como o próprio título sugere, tem como pano de fundo a possibilidade de Diego Maradona, grande ídolo de Fabietto, ser comprado por seu time local, o Napoli.

O filme ainda garante uma verdadeira imersão na cidade de Nápoles com uma fotografia magnífica que viaja pela cidade e dá a chance do público contemplar a beleza ali presente. A ambientação do filme também é muito bem feita transportando o telespectador para os anos 80.

Além disso, o filme ainda traz grandes atuações, principalmente de Filippo Scotti, e personagens únicos e muito interessantes.

O filme foi indicado apenas a categoria de Melhor Filme Estrangeiro, porém, acabou perdendo para o longa japonês Drive my Car.

Mães Paralelas

O longa acompanha a fotógrafa Janis (Penélope Cruz) que acaba desenvolvendo uma química instantânea com o arquipélago Arthuro (Israel Elejalde), e pede para que ele a ajude a resolver uma tragédia que agravou sua família. O filme então tem um salto no tempo e voltamos a acompanhar a protagonista grávida e em trabalho de parto, onde conhece Ana (Milena Smit), uma jovem que também está grávida. As mães paralelas, porém, vivem situações bem diferentes onde Janis está contente e ansiosa com sua gravidez e Ana extremamente assustada, já que é uma adolescente.

Dirigido por Pedro Almodóvar, o filme é cheio de reviravoltas e tem uma narrativa com diversos saltos no tempo, o que o torna muito dinâmico. A obra aborda temas como a maternidade, memórias e traumas.

Além do drama, o filme ainda pincela em questões políticas como a tragédia que assola o povoado de Janis, e diversas famílias espanholas: Não saber onde estão seus antepassados. O avô de Janis, assim como outros homens, tiveram suas vidas tiradas pelo seu posicionamento político e foram enterrados em um fosso. Assim no povoado diversas mães foram obrigadas a cuidar de sua família sozinhas.

Além disso, o roteiro ainda explora a maternidade e o amadurecimento tanto de Janis, uma mulher com 40 anos, como em Ana, uma adolescente, evidenciando todas as descobertas e ajustes em suas vidas.

E o filme é recheado de ótimas atuações, principalmente de Penélope Cruz, aclamada pela crítica, que inclusive foi indicada ao Oscar de Melhor Atriz, mas acabou perdendo para Jessica Chastain por “Os Olhos de Tammy Faye”. O longa ainda concorreu na premiação na categoria de Melhor Trilha Sonora Original, mas também não ganhou.

A Filha Perdida

Baseado na obra de Elena Ferrante, o filme conta a história de Leda (Olivia Colman), uma mulher de meia-idade que resolve tirar férias em uma ilha grega. Lá ela acaba conhecendo Nina (Dakota Johnson) e sua filha pequena, e as observando velhos sentimentos de culpa acabam vindo à tona.

O filme traz diversos flashbacks que vão completando a história e evidenciando a problemática de Leda. O longa, dirigido por Maggie Gyllenhaal, traz um retrato realista e cru da maternidade, apresentada sem nenhum tipo de julgamento.

Um de seus grandes destaques são as atuações de Jessi Buckley, que faz a versão mais jovem de Leda nos flashbacks e, da já premiada, Olivia Colman, e não é atoa que ambas foram indicadas a estatueta de ouro nas categorias de Melhor Atriz Coadjuvante e Melhor Atriz, respectivamente, porém acabaram não levando o prêmio pra casa. Além disso o longa ainda foi indicado à categoria de Melhor Roteiro Adaptado, mas acabou perdendo para “No Ritmo do Coração”.

Por Carolina Genez com supervisão de Angela Luvisotto