Famílias protestam em SJP contra despejos de terrenos superfaturados
Dezenas de famílias seguem acampadas em frente ao Fórum de São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba. Elas buscam um acordo com a Justiça para evitar que ações de reintegração de posse sejam cumpridas e, as famílias, despejadas. Para entender o caso é preciso voltar para o início dos anos 90: doze empresas, entre imobiliárias e incorporadoras, são acusadas por moradores de negociarem 26 loteamentos com preços abusivos e praticando juros sobre juros.
Os terrenos são em vários bairros diferentes, como Jardim El Dorado, Leocádia e Dom Marcos. A líder comunitária e também vítima dos contratos, Claudete Menezes, explica as primeiras parcelas destes terrenos custavam aproximadamente 150 reais. Mas estes valores subiram muito, em pouco tempo, e os compradores não conseguiam mais honrar os pagamentos. As parcelas passaram para mais 300 reais mensais. Na época, o valor era superior ao salário mínimo.
Os “contratos leoninos”, como são chamados, tem valores abusivos, juros acima da média e parcelas a perder de vista. Já no início dos anos 2000, o caso foi discutido na Câmara Municipal de São José dos Pinhais. Uma CPI concluiu que as incorporadoras cometeram crimes ambientais, superfaturamento dos lotes e outras irregularidades. Os resultados desta comissão parlamentar de inquérito foram entregues ao Ministério Público (MP-PR).
Um dos problemas, de acordo com o MP, foi a falta de padrão nas ações movidas contra as imobiliárias envolvidas. Uma parte buscou o Ministério Público, outra parte buscou advogados particulares. Desta forma as ações foram julgadas em tempos diferentes, de formas diferentes. Alguns contratos foram aliviados: ou por meio de acordo, ou por ação judicial. Mas há os que perderam as ações na justiça e estão sendo despejados. Para evitar novas situações de reintegração de posse, as famílias se mobilizaram para protestar.
Segundo a líder comunitária, o acampamento só vai terminar quando conseguirem uma resposta concreta. O que os manifestantes buscam é a conciliação. De acordo com as famílias, audiências precisam ser marcadas em pelo menos três varas cíveis de São José dos Pinhais, para a criação de uma Câmara de Conciliação, que conversaria com moradores, imobiliárias e com o Judiário a fim de buscar soluções.