Blogueiro que foi alvo de polêmica na Lava Jato recupera equipamentos que tinham sido apreendidos pela PF
Um ano e três meses depois de ter sido excluído de uma investigação decorrente da Lava Jato, o blogueiro Eduardo Guimarães esteve em Curitiba nesta terça-feira (10) para recuperar um computador e dois celulares que haviam sido apreendidos pela Polícia Federal. O material havia sido confiscado em uma busca realizada em 21 de março do ano passado, mesmo dia em que o blogueiro foi alvo de uma polêmica condução coercitiva em São Paulo. Os dois mandados judiciais foram expedidos pelo juiz Sérgio Moro, da 13.ª Vara Federal de Curitiba.
Na época, o blogueiro prestou depoimento em um inquérito da Polícia Federal do Paraná que apurava as circunstâncias em que Guimarães divulgou antecipadamente a condução coercitiva do ex-presidente Lula no ano anterior. Dois dias depois de cumpridos os mandados, o juiz Sérgio Moro recuou e decidiu desconsiderar todo o conteúdo apreendido em telefones e computadores do blogueiro, que foi obrigado a quebrar o sigilo das fontes com as quais obteve as informações.
Mas os equipamentos só foram devolvidos pela Polícia Federal nesta terça-feira (10). Eduardo Guimarães diz que a devolução comprova que não havia nada para ser usado contra ele. Para o blogueiro, o país vive em um cenário de insegurança jurídica que provoca, inclusive, instabilidade econômica.
Eduardo Guimarães é editor do Blog da Cidadania. Moro havia determinado a quebra de sigilo telefônico do blogueiro e de duas fontes – Francisco José de Abreu Duarte, identificado como informante, e a auditora fiscal Rosicler Veigel. O juiz afirmava que Guimarães avisou um assessor que Lula estaria na mira da Lava Jato, antes mesmo de deflagrada a operação que cumpriu a condução coercitiva do ex-presidente, em março de 2016.
Guimarães diz que sofreu prejuízos profissionais e pessoais decorrentes da exposição a que foi submetido desde a condução coercitiva.
O juiz Sérgio Moro e o blogueiro Eduardo Guimarães protocolaram algumas representações judiciais um contra o outro. Guimarães chegou a prestar depoimento no ano passado à Polícia Federal, em São Paulo, pela acusação de ter ameaçado o magistrado por meio de mensagens postadas em 2015 no Twitter. Também em 2017, Guimarães levou ao CNJ (Conselho Nacional de Justiça) uma representação acusando o juiz de abuso de poder.