Depois de 24 fases e mais de 3 bilhões de reais recuperados, a Operação Lava Jato completa dois anos nesta quinta-feira (17), colecionando impactos no setor político e no sistema judiciário do país. Considerada a maior operação de combate à corrupção da história do Brasil, a Lava Jato nasceu da investigação de um esquema de lavagem de dinheiro mantido por doleiros. Não demorou muito para que os operadores de câmbio fossem ligados à Petrobras, onde se desvendou um esquema de contratos superfaturados, pagamentos de propina e formação de cartel. Com 93 condenados entre políticos e donos das maiores empreiteiras do país, a operação não tem prazo para terminar. Centenas de inquéritos e depoimentos originados de acordos de colaboração continuam em negociação e podem resultar em novos desdobramentos. A certeza da condenação levou à assinatura de 49 delações premiadas de investigados. Cinco empresas também admitiram crimes e aderiram a acordos de leniência. O coordenador da operação na Polícia Federal, delegado Igor Romário de Paula, afirma que a partir das colaborações, outros setores devem ser investigados daqui para frente. Mas ele diz ser impossível precisar um prazo para a Lava Jato se encerrar.

A estimativa é de que as acusações formuladas até agora envolvam entre 30% e 40% das irregularidades cometidas na Petrobras. O procurador Paulo Roberto Galvão, da força-tarefa no Ministério Público Federal, diz que a duração da operação será proporcional à apuração de outros 50% dos fatos, identificação dos autores, ajuizamento de novas ações e ressarcimento dos recursos correspondentes.

O juiz Sérgio Moro, responsável pelas ações penais da Lava Jato em primeira instância, é mais otimista na previsão.

O chefe do departamento de ciência política da Unicamp, Wagner de Mello Romão, defende que a operação Lava Jato não esteja vinculada à resolução da crise política. Para ele, apesar de ter sofrido duras críticas nas últimas semanas, a investigação mostra o amadurecimento de instituições e da democracia no país.

Até agora, a Operação Lava Jato instaurou 1.114 procedimentos investigativos que resultaram em 39 ações criminais na Justiça Federal do Paraná contra 179 pessoas. Nesses dois anos, a Polícia Federal cumpriu 482 mandados de busca e apreensão e 133 de prisão. Além disso, 117 pessoas foram conduzidas coercitivamente para prestar depoimento, incluindo o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva.