CCR Rodonorte deve pagar valores mensais aos executivos que colaboram com as apurações da Lava Jato
Uma das concessionárias investigadas na Operação Lava Jato no esquema de corrupção envolvendo a concessão de pedágios no Paraná deve iniciar em breve um programa de incentivo a colaboração. A CCR Rodonorte vai definir hoje (22) à tarde em assembleia com acionistas do grupo o início dos trabalhos. O programa integra o acordo de leniência firmado pela empresa junto ao Ministério Público Federal no Paraná.
Segundo a proposta, um total de R$ 71 milhões serão divididos entre os 15 gestores da concessionária que são delatores durante os próximos 5 anos. Os executivos que firmaram acordo irão receber uma espécie de salário mensal para ficar à disposição da Justiça.
Como os delatores ocupavam cargos de diferente relevância na empresa, os pagamentos devem ser equivalentes a função que era ocupada por cada um deles. A assembleia será realizada às 14h na sede do grupo em São Paulo. A CCR Rodonorte fechou acordo de leniência com a força-tarefa da Lava jato que prevê, além da colaboração dos executivos envolvidos no esquema de corrupção, o pagamento de uma multa para reparação de danos estipulada em R$ 750 milhões.
Na Lava Jato já foram celebrados 12 acordos de leniência, além de acordos de colaboração e 1 Termo de Ajuste de Conduta somente no Paraná, sem contar os acordos celebrados nas forças-tarefas de Brasília e Rio de Janeiro. É a primeira vez que uma empresa que firmou acordo de leniência na Lava Jato vai beneficiar financeiramente os executivos que colaborarem com as investigações, o que promete repercutir nos próximos dias.
O esquema de corrupção envolvendo a concessão de rodovias no Paraná é apurado na fase Integração da Operação Lava Jato. O Ministério Público Federal estima que pelo menos R$ 8,4 bilhões tenham sido desviados por meio de obras que não foram executadas e do aumento das tarifas em concessões do Anel de Integração no Paraná. Pelo menos R$ 35 milhões teriam sido movimentados em propinas, segundo cálculos dos procuradores. O formato dos acordos de leniência surgiu nos Estados Unidos no início da década de 90 e está diretamente ligado a crimes da ordem econômica.
A empresa investigada deve apresentar informações relevantes ao processo. O objetivo final é reparar os prejuízos causados pelos atos ilícitos. O acordo de leniência acaba por fim sendo a salvação de empresas investigadas possibilitando que elas sigam atuando no mercado.
Reportagem: Juliana Goss