Cerca de 6 mil estudantes protestam pela educação em Curitiba, segundo organizadores
Mesmo com uma chuva fina, estudantes e manifestantes saíram em passeata pelas ruas do centro de Curitiba na noite desta quarta-feira, para protestar contra os cortes na educação pelo governo federal. Segundo os organizadores, cerca de 6 mil pessoas participaram do ato. A Polícia Militar não fez estimativa de público. Professores, servidores e ex-alunos de universidades públicas gritavam palavras de ordem em defesa da ciência e da educação e contra o governo de Jair Bolsonaro.
Até o início da noite, o ato era pacífico e não havia registro de ocorrências. A professora de filosofia Ana Carolina Borges, que foi ao protesto, dá aulas em escola pública e mesmo formada pela PUC (Pontifícia Universidade Católica), uma universidade particular, resolveu participar do ato.
Já o administrador Augusto Rebelo Duarte, 63, disse que está no protesto como cidadão, e que tudo que construiu na vida se deve à UFPR (Universidade Federal do Paraná), onde ele estudou.
Famílias também foram juntas ao ato, como a professora Daniela Rosa e sua mãe, Rosa da Silva. A aposentada de 62 anos não frequentou a universidade pública, mas disse que foi ao protesto para que os netos tivessem o direito de frequentar o ensino superior público.
Ela e a filha são de Tangará da Serra, município do estado de Mato Grosso, e estavam de passagem por Curitiba. Mesmo assim, decidiram ir ao ato. Daniela, que leciona em escola pública na cidade natal, diz que quer defender a educação de qualidade.
Os atos são uma reação ao corte de 30% das verbas de custeio promovido pelo Ministério da Educação. O MEC já fez bloqueios de R$ 5,7 bilhões em seu orçamento. O corte atinge verbas direcionadas a todas as etapas da educação, incluindo a Educação Básica.
O ministro da Educação, Abraham Weintraub, disse em audiência na Câmara dos Deputados, nesta quarta-feira, que o atual governo não pode ser responsabilizado pelo estado da educação no país. Ele argumentou que o ministério trabalha com um orçamento feito pela gestão do ex-presidente Michel Temer e que o governo quer dar prioridade à educação básica. Novos atos em defesa da educação estão programados até o fim desta semana em Curitiba.
Nesta quinta, grupos artísticos da UFPR devem fazer apresentações de rua ao longo do dia para chamar a atenção da população sobre o tema. Já na sexta, um novo protesto está marcado para as 11 horas da manhã, em frente ao prédio histórico da universidade, na Praça Santos Andrade. Segundo a UFPR, o corte de recursos deve chegar a mais de 48 milhões de reais e pode ocasionar a suspensão dos serviços a partir do segundo semestre.
Reportagem: Estelita Carazzai/ Ana Flavia Silva/Lenise Klenk