Assim como a Netflix e o Disney Plus, outros filmes que passaram pelo Oscar 2022 também estão disponíveis em outros streamings como a HBO Max, o Star+ e a Amazon Prime.

Dos filmes disponíveis se destacam: No Ritmo do Coração, disponível na Amazon Prime, que foi o filme que ganhou o grande prêmio da noite de Melhor Filme, e o filme Duna, disponível na HBO Max, que foi o maior premiado da noite, levando para casa 6 estatuetas.

Confira abaixo a lista de filmes disponíveis:

Amazon Prime

No Ritmo do Coração – CODA

O filme é uma adaptação do longa francês A Família Bélier (2014), e acompanha Ruby (Emily Jones), que é a única ouvinte de uma família surda. Dessa forma, ela trabalha como a intérprete de seus pais e auxilia a família com a pesca, que é o sustento da família. Porém a mudança vem quando Ruby resolve se inscrever para o coral da escola, onde descobre sua vocação para a música.

A trama sobre amadurecimento já foi vista em outros filmes antes, inclusive na premiação do Oscar com Lady Bird (2017), mas no longa são acrescentados detalhes ao “coming of age”, saindo do básico e previsível.

Parte disso é gerada pelo filme mostrar o dia a dia de famílias surdas como o próprio título em inglês explica: CODA = Child of Deaf Adult.

Ao contrário de “O Som do Silêncio” que foi indicado a melhor filme em 2020 e trabalha com perda e adaptação, CODA traz uma mensagem otimista, mostrando a busca de sonhos, o encontro de seu lugar e de sua voz no mundo. Isso é evidenciado pela protagonista, que por ter passado muito tempo em serviço da família não se expressa muito bem. No filme fica enfatizado já que em muitos momentos ela se comunica usando libras para se expressar melhor.

O filme é emocionante, sensível, leve e bem divertido, com uma pitada de sessão da tarde. Com uma impecável trilha sonora, o longa consegue prender atenção do início ao fim, tocando em pontos importantes como o amor, a comunicação e a inclusão social.

Na premiação o filme se consagrou levando para casa 3 estatuetas: de Melhor Filme, Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Ator Coadjuvante, a qual foi para Troy Kotsur, que é o primeiro ator surdo a ganhar o Oscar.

Apresentando os Ricardos

Após ser acusada de ser simpatizante do Partido Comunista, Lucille Ball (Nicole Kidman) se sente pressionada a realizar o melhor episódio da série I Love Lucy, a qual protagoniza com seu marido, o cubano Desi (Javier Bardem).

O longa conta a história real da atriz e comediante Lucille Ball, que revolucionou as séries de tv com a sitcom I Love Lucy. O filme acompanha os bastidores do programa comandado e estrelado por Lucy e Desi, o processo criativo de Lucille e seu talento, a história entre Desi e Lucille e mostra um dos momentos mais conturbados passados pela atriz.

O roteiro do filme traz momentos no presente e alguns flashbacks que mostram como o casal se conheceu e o desenrolar do relacionamento dos dois, que trazem ainda mais profundidade para a história e para os personagens.

Além disso, o filme também explora os bastidores do programa com muitos diálogos sarcásticos e engraçados entre os atores durante a leitura do roteiro do episódio, além de mostrar também o jogo de poderes envolvido na produção dele.

O filme ainda explora a grandeza e criatividade de Lucille com cenas criativas e interessantes em que ela repassa possíveis piadas em seu show na sua cabeça e, ainda, mostra seu talento, já que, mesmo em uma época tão machista a atriz conquistou seu espaço nas telas apesar de diversos impedimentos ao longo de sua carreira.

O longa foi indicado às categorias de Melhor atriz (Nicole Kidman), Melhor Ator (Javier Bardem)  e Melhor Ator Coadjuvante (J.K. Simmons), mas não venceu nenhuma.

HBO Max

Duna

Baseado em um livro homônimo, Duna acompanha uma história futurista que se passa em 10.191 d.C. onde os planetas são comandados por um império. O Duque Leto Atreides (Oscar Isaac) se torna o novo responsável pelo planeta Arrakis, conhecido como Duna, que é onde está a especiaria chamada melange, única e caríssima, que serve para viagens espaciais. Porém a vantagem do duque causa inveja em outros, que passam a planejar uma maneira de tirá-lo do poder. Enquanto isso, o filho do duque, Paul Atreides (Timothée Chalamet), pode ser o grande salvador do universo segundo uma profecia. Além disso, sua mãe Lady Jessica (Rebecca Ferguson) pertenceu às Honradas Madres denominadas como Bene Gesserit, cuja vivência está atrelada ao misticismo e, portanto, a certos poderes, que ela passou para seu filho.

Com uma exemplar jornada de herói, é dessa forma que somos apresentados a esse mágico universo, e o filme funciona para a saga como uma espécie de prólogo. A trama traz, além de uma ficção científica, um enorme drama político e remete a muitos outros filmes do gênero como Star Wars.

Além dos atores já citados o elenco está recheado de nomes de peso como: Jason Momoa, Bill Skarsgård, Javier Bardem, Dave Bautista, Josh Brolin, Zendaya e outros.

Mas claro, o carro chefe de Duna são sua fotografia, edição de som, trilha sonora e grandes cenários. Os cenários trazem modernas construções mas que remetem ao estilo dos filmes de ficção científica dos anos 80. Além disso, assim, como em Lawrence da Arabia, o deserto em duna chega a quase ser um personagem de tão constante e marcante, passando uma sensação de grandiosidade e solidão conforme a trama se desenvolve. E a trilha sonora do magnífico Hans Zimmer completa essa sensação, e íntegra  e ambienta ainda mais o telespectador na trama.

O longa foi indicado a 10 categorias na premiação, incluindo Melhor Filme, Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Direção, mas se consagrou nas categorias técnicas levando para casa as estatuetas de Melhor Fotografia, Melhores Efeitos especiais, Melhor Direção de Arte, Melhor trilha Sonora Original, Melhor Montagem e Melhor Som.

King Richard

O filme conta a história real do pai das tenistas Venus e Serena, Richard Williams (Will Smith). O longa então acompanha o plano e treinamentos que pai das campeãs criou para transformá-las em grandes atletas.

Durante o filme somos apresentados ao contexto vivido pela família Williams, o que motiva Richard a planejar uma vida melhor para as meninas. A família vive em uma zona periférica, onde constantemente se deparam com situações de violência. E para evitar esse destino para suas filhas, Richard e sua esposa Oracene (Aunjanue Ellis)  desenvolvem uma rotina puxada mas repleta de carinho e apoio familiar.

O longa ainda consegue inspirar e mostrar a importância da persistência, não só dentro do esporte nos treinos mas também fora dele. A obra também aborda outros temas como o preconceito racial, muito presente no esporte e na sociedade e traz a importância que Venus e Serena viriam a ser para a comunidade negra.

As partidas de tênis são outro destaque já que através dos rápidos movimentos de câmera conseguem transmitir a tensão e intensidade das partidas, trazendo também reações do público e outros personagens, inteirando o próprio telespectador no jogo. E claro a atuação brilhante de todos os atores.

O filme foi indicado a seis categorias: Melhor Filme, Melhor Ator (Will Smith), Melhor Atriz Coadjuvante (Aunjanue Ellis), Melhor Montagem, Melhor Roteiro Original e Melhor Canção Original por Be Alive (Beyoncé).

Star+

Beco do Pesadelo

O longa acompanha o vigarista Stan (Bradley Cooper) que, fugindo de seu passado, acaba indo parar em um circo onde conhece e se torna assistente Zeena (Toni Colette) e seu marido alcoólatra Pete (David Strathairn), que trabalham como videntes em um ato de ilusões. Conforme o tempo passa Stan se torna cada vez mais ganancioso e parte a planejar uma fuga do circo com uma recém conhecida Molly (Rooney Mara) por quem se apaixona perdidamente.

Em todos os filmes de Del Toro, ele tenta trazer algum tipo de monstro, seja em Forma da Água ou Labirinto do Fauno, esses monstros sempre tiveram aspectos assustadores e sobrenaturais. Porém em Beco do Pesadelo o diretor evidencia a crueldade humana e traz assim o ser humano como o próprio monstro.

Cheio de reviravoltas, o filme traz uma atmosfera bem sinistra, fria e muito uso de sobras entregando uma narrativa ao estilo noir. Na primeira parte do filme somos apresentados a uma vida suja e miserável, que carrega uma tristeza palpável, mesmo se passando em um circo. Já na segunda metade vemos todo o glamour e luxo com cores fortes e muito brilho da era pós depressão, que contrasta muito bem com a primeira parte, mas ainda carrega os mesmos aspectos melancólicos.

O elenco do filme é de extremo peso e talento, contando com além dos já citados, com Willem DaFoe e Cate Blanchett.

O filme foi indicado a quatro categorias: Melhor filme, Melhor Fotografia, Melhor Direção de Arte e Melhor Figurino, mas não ganhou nenhuma.

Os olhos de Tammy Faye

O filme conta a história biográfica de Tammy Faye (Jessica Chastain), uma famosa evangelista. Quando criança, Tammy foi banida da igreja local por ser bastarda, mas sua fé contornou todas as dificuldades. A história do filme começa quando Tammy conhece Jim Bakker (Andrew Garfield) e ambos decidem seguir carreira como televangelistas. O filme conta a história de como o casal enriqueceu ao longo dos anos através da visão de Tammy que nunca abre mão de sua fé.

Um dos grandes focos do filme são as atuações de Andrew Garfield e Jessica Chastain, ambos entregam performances maravilhosas e magnéticas, principalmente Chastain, que merecidamente faturou a estatueta de melhor atriz na noite do Oscar.

A maquiagem e figurino do longa também impressionam, envelhecendo os atores ao longo do filme, conseguindo ainda ambientar perfeitamente a passagem das décadas. A obra inclusive chegou a concorrer à categoria de Melhor Maquiagem e Penteados porém não levou o prêmio para casa.

Por Carolina Genez com supervisão de Angela Luvisotto