A eleição deste ano em Curitiba teve o maior porcentual de eleitores que não votaram em ninguém, desde 1985. A cada dois votos válidos, um foi ‘branco, nulo ou abstenção’. No primeiro turno, foram 2,6 votos válidos a cada “não voto”. Antes de 2016, o maior número de eleitores que não votaram em ninguém foi em 1992, também quando Rafael Greca foi eleito prefeito de Curitiba. Naquele ano, a cada 2,8 votos válidos um era branco, nulo ou abstenção. Neste ano, 259.387 eleitores não votaram; 117.920 eleitores votaram nulo; e 44.834 votaram em branco. O prefeito eleito teve pouco mais de 461 mil votos (461.736).  O candidato derrotado teve 405.315. O cientista político Emerson Cervi chama atenção para o número de votos do candidato vencedor. Segundo ele, como a maioria absoluta dos eleitores não votou em Rafael Greca, a discussão se volta para a a legitimidade da maioria válida.

Os dados que mostram a maioria do eleitorado não votando no candidato eleito são resultado de um indicador chamado ‘razão de voto válido’. De 1985 pra cá, os eleitores passaram a votar branco, nulo e não votar com mais frequência, tendo uma exceão em 2012, com menores índices. Mas depois disso, os ‘não votos’ só aumentaram.

O recorde de ‘não votos’ poderá dar mais trabalho ao prefeito eleito, que terá que convencer a maioria da população para conseguir apoio durante a gestão. Emerson Cervi avalia que o sistema representativo perde com esse resultado.

Para o Poder Legislativo de Curitiba, exatos 91.034 eleitores votaram em branco; e 105.349 votaram nulo. Os números representaram 8,45% e 9,78% respectivamente. De todos os eleitores de Curitiba, foram 81,77% votos válidos para o Legislativo e 18,23% não escolheram um candidato. Considerando que para se conquistar uma cadeira na Câmara sem depender de coligações é necessário somar 22 mil votos, os brancos, nulos e abstenções deste ano poderiam mudar completamente a configuração dos eleitos na Câmara Municipal, ou eleger até 8 vereadores em Curitiba.