Defesa do ex-presidente Lula pede suspensão de perícia em sistemas de pagamento de propina da Odebrecht
Os advogados do ex-presidente Lula solicitaram ao juiz Sérgio Moro que seja suspensa a perícia nos sistemas de pagamento de propina da Odebrecht, chamados de My Web Day e Drousys.
A petição foi anexada ao processo que acusa o ex-presidente de ter recebido vantagens indevidas da empreiteira pela compra de um terreno onde seria instalada a sede do Instituto Lula e de um apartamento em São Bernardo do Campo. A vistoria foi autorizada pelo magistrado no final do ano passado a pedido do Ministério Público Federal.
A defesa de Lula quer que a perícia seja barrada até que os procuradores esclareçam uma série de pontos. Os advogados alegam que depois do juiz determinar a realização da perícia, surgiram outros elementos que poderiam comprovar a fraude no sistema Drousys, como o depoimento do próprio criador do programa, Sérgio Soares, que afirmou que os dados poderiam ser alterados ou excluídos pelos usuários a qualquer momento.
A defesa quer saber qual foi a base utilizada para fazer referência na ação penal às informações que constam nos sistemas, que controlavam as propinas direcionadas a agentes públicos e políticos.
Os advogados ainda querem que o MPF informe quando teve conhecimento de que a cópia do sistema My Web Day entregue pela Odebrecht no acordo de leniência não poderia ser acessada. Além disso, eles questionam porque o MPF fechou o acordo sem antes saber se conseguiria acessar os sistemas, tão essenciais na produção de provas para os processos.
De acordo com a defesa, a perícia até o momento levou cem dias de análise. Por conta disso, os advogados querem que, depois de uma eventual retomada dos trabalhos, seja concedido um prazo semelhante para análise e manifestação sobre o laudo pericial por parte das defesas dos réus.
Neste processo, Lula responde pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro pelo recebimento de vantagens indevidas da Odebrecht. A empreiteira teria bancado a compra de um terreno onde seria construída a sede do Instituto Lula – o que nunca aconteceu – e de um apartamento em São Bernardo do Campo, em São Paulo. A denúncia foi recebida pelo juiz Sérgio Moro em dezembro de 2016. Em setembro do ano passado, Lula veio a Curitiba para ser interrogado por Moro. O último a depor foi o empresário Glaucos da Costamarques, que foi ouvido novamente no mês de dezembro. Ele alega que assinou vários recibos de aluguel referentes ao apartamento de uma só vez, a pedido do advogado e compadre de Lula, Roberto Teixeira, no período em que esteve internado no hospital.