Depois de impasse, STF reitera que Lula deve dar entrevista apenas aos dois jornalistas autorizados
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva concede nesta sexta-feira (26) em Curitiba entrevista a dois jornalistas que apresentaram pedidos formalmente à Justiça. Serão as primeiras conversas com a imprensa desde que ele foi preso, em abril do ano passado.
A Polícia Federal chegou a provocar um impasse quando decidiu convidar, por critérios desconhecidos, alguns outros jornalistas a se credenciar para acompanhar a entrevista. Mas o ministro Ricardo Lewandowski proibiu a liberação e reiterou que Lula recebeu autorização para ser entrevistado apenas por Monica Bergamo e Florestan Fernandes Júnior, que poderão estar acompanhados de equipe. Monica é colunista da Folha de S. Paulo e da rádio BandNews, e Florestan, jornalista do El País.
Ao atender a um pedido da defesa, Lewandowski afirma não ser possível impor a Lula a presença de outros jornalistas ou de terceiros sem a expressa autorização do ex-presidente. As entrevistas foram autorizadas pelo ministro há uma semana.
Na decisão desta quinta (25), ele responde à tentativa do superintendente da Polícia Federal no Paraná, delegado Luciano Flores de Lima, de autorizar outros jornalistas a assistir à conversa, sem fazer perguntas. Apenas alguns veículos escolhidos, como O Antagonista, receberam o aviso, não divulgado pelos meios tradicionais, que são o e-mail e os grupos de whatsapp oficiais. A defesa de Lula recorreu ao STF. Depois de visitar o ex-presidente na sede da Polícia Federal nesta quinta-feira (25), o advogado Cristiano Zanin disse que o STF assegurou direitos e restabeleceu a autorização original.
Zanin evitou comentar o tumulto causado pela possibilidade de transformar a entrevista exclusiva em uma espécie de coletiva de imprensa. O advogado diz que a limitação aos dois jornalistas é resultado de um processo submetido à avaliação do ex-presidente com antecedência.
O ministro do STF Ricardo Lewandowski afirma que a liberdade de imprensa, apesar de ampla, também deve respeitar o direito fundamental de expressão, que tem “caráter personalíssimo”. A Superintendência da Polícia Federal não respondeu a questionamentos sobre os critérios usados na escolha dos veículos convocados para o credenciamento.
Reportagem: Lenise Klenk