Diretor do DER-PR é preso na primeira operação da Lava Jato em 2018
O Diretor-geral do Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná, Nelson Leal, e executivos da concessionária Econorte e do Grupo Triunfo estão entre os presos da nova etapa da Operação Lava Jato, batizada de Integração. O alvo é a concessão de rodovias federais no Paraná que fazem parte do Anel de Integração que interliga as principais cidades do Estado em mais de dois mil e quatrocentos quilômetros de extensão.
Segundo as investigações, a concessionária Econorte realizava pagamentos indevidos a agentes públicos e, em contrapartida, era favorecida em contratos e termos aditivos, o que possibilitava também o aumento das tarifas de pedágio. Dados da quebra de sigilo bancário demonstraram que, entre 2005 e 2015, a empresa recebeu R$ 2 bilhões e 300 mil provenientes de tarifas pagas pelos usuários. Desse total, R$ 63 milhões teriam sido destinados a empresas de fachada, cuja prestação de serviços não foi comprovada.
De acordo com o procurador do Ministério Público Federal, Diogo Castor, algumas dessas empresas eram de propriedade ou tinham ligação com agentes públicos do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, o DNIT, e o Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná.
Na 48ª fase da Lava Jato a Polícia Federal cumpriu seis mandados de prisão temporária, que tem validade de cinco dias prorrogáveis, no Paraná e em São Paulo. Outro alvo está no exterior e ainda não foi localizado. Além do diretor-geral do DER, também foram presos nesta quinta-feira (22) o ex-funcionário do DER, Oscar Gayer da Silva; o sócio da Eco Sul Brasil Construtora, Wellington Volpato; o diretor-presidente da Triunfo Econorte, Helio Ogama e o funcionário da Econorte, Sandro Antônio de Lima.
Os investigados devem responder pelos crimes de associação criminosa, corrupção, lavagem de dinheiro, peculato e estelionato.O administrador da empresa Rio Tibagi, Leonardo Guerra, foi detido em Londrina, no norte do Estado e, com ele, a polícia encontrou R$ 250 mil em espécie. O procurador Diogo Castor destacou de que maneira o Diretor-geral do DER atuava.
O juiz Sérgio Moro determinou o bloqueio de até R$ 20 milhões dos investigados. Um funcionário com cargo de comissão da Casa Civil do Paraná, Carlos Nasser, foi alvo de mandado de busca e apreensão. A suspeita é de que ele tenha recebido três milhões em vantagens indevidas de empresas ligadas ao Grupo Triunfo.
O procurador ressaltou que agentes políticos não são alvo de investigação nesta nova etapa. As fraudes apuradas na 48ª fase teriam sido viabilizadas via Adir Assad e Rodrigo Tacla Duran – operadores financeiros já investigados pela força-tarefa. As apurações começaram durante a trigésima sexta fase da Lava Jato, em novembro de 2016, quando a Polícia Federal cumpriu uma série de mandados de busca e apreensão contra empresas e pessoas ligadas a Tacla Duran. Entre os alvos estava a Econorte. Segundo a Polícia Federal, representantes da empresa teriam depositado cerca de R$ 1 milhão a Tacla Duran, entre 2012 e 2014.
Os valores foram repassados sem que fosse prestado qualquer tipo de serviço. Na época das buscas, ainda foi apurado que outras empresas relacionadas ao Grupo Triunfo depositaram mais R$ 5 milhões em favor do operador financeiro e outros R$ 26 milhões para empresas de fachada de Adir Assad. Segundo o procurador Diogo Castor, o novo viés da Lava Jato revela como a corrupção impacta diretamente a população, neste caso, os usuários das pistas pedagiadas no Norte do Paraná.
O Governo do Paraná se posicionou em nota. De acordo com o texto, o governador Beto Richa determinou hoje a pronta instauração de processo de investigação para o esclarecimento de eventuais irregularidades apontadas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal.
A investigação será conduzida pela Controladoria Geral do Estado. Segundo a nota, tanto os contratos quanto os aditivos relacionados ao chamado Anel de Integração foram conduzidos pelo Departamento Estadual de Estradas de Rodagem, que é o poder concedente.
E todos terminaram submetidos ao crivo da Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados de Infraestrutura do Paraná – Agepar, que homologou os termos, isso em 1997. O Governo também se posicionou com relação aos fatos que envolvem o funcionário comissionado Carlos Nasser.
De acordo com o texto, ele exercia a função de assessor político junto à Casa Civil, cargo de terceiro escalão, sem qualquer vínculo com o Gabinete do Governador. Em razão disso, Richa determinou o imediato afastamento de Nasser do cargo, até a apuração completa dos fatos. A concessionária Econorte foi procurada pela BandNews FM, mas não se posicionou a respeito até o fechamento desta reportagem.