Em delação, ex-diretor do DER diz que CPI dos Pedágios terminou em “acordão político”

 Em delação, ex-diretor do DER diz que CPI dos Pedágios terminou em “acordão político”

(Foto: Ivan Bueno/Aen)

O ex-diretor do Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná, Nelson Leal Junior, disse em delação premiada que havia “acordão político” na Comissão Parlamentar de Inquérito dos Pedágios da Assembleia Legislativa do Paraná.

Catorze anexos da delação, homologada em maio, além de cerca de 40 áudios de depoimentos, foram anexados nesta semana ao processo da Operação Integração I, a fase 48 da Operação Lava Jato. De acordo como delator, o ex-governador Beto Richa, do PSDB, chegou a participar de reuniões no Palácio Iguaçu para tratar de aditivos que favoreciam as concessionárias do pedágio no Paraná em troca de vantagens pessoais e para campanhas eleitorais. O ex-governador nega.

Na delação, Leal Junior afirmou que ouviu na CPI dos Pedágios na Assembleia que ninguém do governo ou das concessionárias se preocupou porque todos sabiam que “não ia dar em nada”. O ex-diretor do DER também disse que a comissão era usada para obtenção de cargos para deputados da base aliada do ex-governador Beto Richa e a obtenção de vantagens indevidas das concessionárias por parte dos deputados da base.

Nos depoimentos, Leal Junior disse que não tinha conhecimento dos nomes dos deputados nem da forma como recebiam as supostas vantagens. A CPI dos Pedágios começou em 2013 e terminou em 2014. Dos nove deputados da comissão, sete eram da base aliada de Richa.

No relatório final, os deputados concluíram que a tarifa de pedágio poderia cair desde que o governo reduzisse impostos. Segundo o delator, os dois órgãos que deveriam fiscalizar os contratos de pedágio, a Alep e a Agência Reguladora do Paraná (Agepar), agiram para beneficiar as concessionárias.

Em outro trecho da delação, Leal Junior conta que Richa mandou exonerar o diretor-geral da secretaria de Infra-Estrutura e Logística, Aldair Petry (o Neco), porque ele não estava cumprindo o trato de repassar para ele propinas que arrecadava junto às concessionárias. Segundo o ex-diretor do DER, eram frequentes as reuniões realizadas no Palácio Iguaçu, na sala do então chefe de Gabinete Deonilson Roldo, com a presença do secretário Ezequias Moreira. Nestas reuniões, o delator recebia instruções para produzir novos aditivos ficando sempre implícito que os aditivos eram necessários para viabilizar repasses ilícitos para campanha eleitoral e para vantagens pessoais.

A delação de Nelson Leal Jr foi prestada perante o procurador da República Diogo Castor e do agente da Polícia Federal Rodrigo Prado Pereira, com a assistência dos advogados Tracy Renaldet e Gustavo Sartor. Leal foi preso dia 26 de fevereiro, na fase 48 da Lava Jato, a Integração I. A decisão de contar o que sabia fez com que deixasse a cela da Polícia Federal em apenas três meses. Atualmente cumpre prisão domiciliar com tornozeleira e teve confiscados alguns dos bens e valores.

As afirmações de Nelson Leal Junior foram um dos fatores que deram origem à segunda fase da Operação Integração. No total, 15 pessoas foram presas, entre elas Pepe Richa, irmão de Beto Richa. Todos os investigados foram soltos por determinação do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF).  A defesa de Beto Richa e Pepe Richa disse que irá se manifestar no processo.

Reportagem: Narley Resende

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