Moro recorre ao STF para impedir Lula de ter acesso às mensagens com procuradores
O ex-juiz Sergio Moro recorreu ao Supremo Tribunal Federal para que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não tenha acesso ao pacote completo das mensagens trocadas entre ele e procuradores da República envolvidos na Lava Jato.
O movimento acontece após o ministro Ricardo Lewandowski autorizar o acesso ao conteúdo que dizia respeito exclusivamente ao petista. Após a vitória parcial no STF, os advogados do ex-presidente agora querem ampliar o acervo de mensagens para provar que Moro agiu de forma parcial. Neste caso, o ex-juiz estaria sujeito à suspeição, o que poderia levar à anulação das sentenças de Moro contra Lula.
As mensagens trocadas entre Sergio Moro e o procurador da República Deltan Dallagnol, então coordenador da força-tarefa Lava Jato no MPF do Paraná, foram apreendidas pela Polícia Federal na Operação Spoofing, em 2019. A ação prendeu hackers suspeitos de invadirem celulares de autoridades. A defesa de Lula sustenta que as mensagens provam que Sergio Moro atuou de forma parcial, orientando e aconselhando membros do MPF.
A atitude suspeita extrapola as funções de um Juiz de direito, que não deve assumir o papel das partes do processo – nem da acusação, nem da defesa.
Em petição entregue na quarta-feira (3) ao Supremo Tribunal Federal, os advogados de Sergio Moro defendem que a decisão sobre o acesso às mensagens não cabe a Ricardo Lewandowski. O ministro foi relator do processo que concedeu a Lula o acesso ao acordo de leniência da Odebrecht. Para Moro, a decisão deve ser tomada pelo ministro relator da Lava Jato no STF, Edson Fachin.
O ex-juiz e ex-ministro também critica o uso das mensagens no processo. Ele defende que o material passe por uma análise técnica, e que até o presente momento “a prova é absolutamente ilícita”.
Reportagem: Angelo Sfair