Operação mira aliciadores para o tráfico internacional de drogas
Quadrilhas eram investigadas há cinco anos. Polícia realiza prisões no Brasil e na Europa
Uma operação contra quadrilhas suspeitas de cooptar pessoas sem histórico criminal para transportar drogas em viagens aéreas internacionais cumpre ordens de prisão no Brasil e na Europa. Segundo a Polícia Federal, são sete mandados de prisão preventiva no Brasil, dois na Espanha e um em Portugal.
Também são cumpridos 80 mandados de busca e apreensão nos estados do Paraná, São Paulo e Santa Catarina. As ações desta terça-feira (20), coordenadas pela PF em Curitiba, contam com o apoio de helicópteros da Polícia Militar, da Interpol (Polícia Internacional) e das polícias da Espanha, Portugal e Suíça.
Segundo a Polícia Federal, as investigações dos grupos criminosos começaram em 2017. Nos últimos cinco anos, as autoridades acreditam ter aprofundado o conhecimento sobre a forma de atuação das quadrilhas. Elas eram responsáveis por cooptar pessoas para o tráfico internacional de drogas, atuando na função popularmente conhecida como “mula”. Os criminosos também eram responsáveis por comprar passagens e hospedagens, preparar as malas e definir roteiros.
Os aliciados eram, preferencialmente, jovens de baixa renda e com filhos. Eles eram convencidos a transportar a droga com a promessa de lucro fácil e rápido, além de viajar para Europa, Ásia e Oriente Médio com as despesas pagas. Em alguns casos, as quadrilhas compravam roupas e incentivavam os “mulas” a levar os filhos menores de idade para se passarem como turistas.
A operação recebeu o nome de “Duplo Risco”. Isso porque, segundo a PF, os aliciados saíam do Brasil com cocaína e retornavam ao país com drogas sintéticas. Ou seja, corriam riscos tanto no embarque quanto no desembarque.
Além dos mandados de prisão preventiva e busca e apreensão, a Polícia Federal também obteve na Justiça a autorização para bloqueios em contas bancárias e sequestro de imóveis e carros de luxo. Os investigados devem ser indiciados por tráfico internacional de drogas, organização criminosa e lavagem de dinheiro, cujas penas somadas chegam a 33 anos de reclusão.
Reportagem por Angelo Sfair