Pesquisa mostra que dados importantes sobre as vítimas de feminicídio são ignorados em processos legais
Dados importantes sobre vítimas de feminicídio são ignorados ao longo de seu processo. Isto foi o que revelou uma pesquisa realizada por estudantes de pós-graduação em Direito da Universidade Positivo.
Ao todo, foram 147 processos analisados de crimes que aconteceram no Paraná, a partir de 2017. Segundo o grupo de pesquisa, duas graves constatações foram observadas: a invisibilidade da vítima e a falta de uma perspectiva de gênero no trato processual, demonstrada pela dificuldade em encontrar informações essenciais sobre essas mulheres. Dentre os resultados, foi constatado que 73% dos processos analisados ignoravam a escolaridade das vítimas. A renda familiar das mulheres assassinadas não foi mencionada em 95% dos casos, e quando foi, 5% era de até dois salários mínimos.
Porém, o crime atinge todas as mulheres, independente da classe social, como destaca a pesquisadora do Centro de Pesquisa Jurídica e Social do Programa de Pós-Graduação em Direito da Universidade Positivo, Olivia Pessoa.
0Segundo a pesquisadora, o machismo também é reforçado nos tribunais.
A pesquisa ainda mostrou que 53% dos processos não mencionavam se a vítima era financeiramente dependente dos homens. Em relação a profissão, 48% dos casos não tinham essa informação.
Nos demais, 13% delas foram classificadas como “do lar”, 6% como diaristas, 5% como desempregadas, 4% como estudantes, 3% como vendedoras, outros 3% como agricultoras e 18% como tendo outras profissões. Todos com réus pronunciados e que não corriam em segredo de justiça.
Outro levantamento, feito pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, mostrou que o número de feminicídios no Brasil cresceu 22% durante a pandemia.