A menina trans de apenas 11 anos de idade que estava no centro de uma discussão judicial sobre a presença dela no Campeonato Sul-americano de Patinação 2019 finalmente competiu. Na semana passada, depois de ter a inscrição negada pela organização do evento internacional, os pais de Maria Joaquina conseguiram uma liminar garantindo a participação da atleta na disputa, mas a Confederação Sul-americana de Patinagem recorreu alegando que a competência para julgar o caso seria da esfera federal, derrubando a cautelar. A família então buscou o Superior Tribunal de Justiça, que determinou a volta da matéria para a Justiça Estadual, o que invalidou a decisão que tirava a criança da competição.

Maria Joaquina patinou hoje (22) de manhã com a torcida de pais e amigos, muitos deles recém conquistados.

O evento é realizado em Joinville, Santa Catarina, para onde a família foi assim que soube da decisão do ministro relator Napoleão Nunes Maia Filho, do STJ.

Segundo Moacir Junior, presidente da Confederação Brasileira de Hóquei e Patinação, a classificação de Maria Joaquina sai ainda hoje, na página oficial do campeonato na internet.

O Sul-americano vai até o dia 30 de abril e, no primeiro pedido à Justiça sobre o assunto, a Defensoria Pública do Paraná argumentou que, por se tratar de uma criança, os níveis hormonais de testosterona da menina estão de acordo com os padrões estabelecidos para a competição feminina. Além disso, de acordo com a ação, ao concorrer entre meninas, a atleta trans se coloca em posição desfavorável, uma vez que a categoria feminina é muito mais concorrida.

A Defensoria Pública do Paraná acompanha a patinadora desde 2017. Em meio à toda discussão judicial, a organização do campeonato continental ofereceu a inscrição da atleta na categoria masculina, mas isso não foi aceito pela família. Maria Joaquina é vice-campeã da edição 2018 do Campeonato Brasileiro de Patinação, categoria feminina para a faixa de idade dela. No Sul-americano, ela disputou na categoria Mini Infantil Damas.

Nas redes sociais, os pais da menina comemoraram a participação da filha, ainda que ela não tenha conseguido mostrar tudo o que sabe por causa do abalo emocional. Em uma das postagens, o pai, Cleber Reikdal, explicou que, mesmo triste, ela sempre quis muito participar e estar com as amigas, e que é patinando que ela consegue ser feliz.

Reportagem: Daiane Andrade