Telefonemas entre doleiro e executivo da Odebrecht são considerados indício de propina na Suíça

Os investigadores da Lava Jato identificaram 135 telefonemas entre o doleiro Bernardo Schiller Freiburghaus, procurado pela Interpol, e o diretor da empreiteira Odebrecht Rogério dos Santos Araújo, afastado do cargo depois de ser preso na Operação Erga Omnes, em 19 de junho. No mesmo período das ligações – entre 1.º de julho de 2010 e 27 de fevereiro de 2013 – foram identificados também depósitos milionários em contas de offshores na Suíça controladas pelo então diretor de Abastecimento da Petrobrás, Paulo Roberto Costa. Os créditos somam cerca de US$ 23 milhões.

Para a força-tarefa da Lava Jato, a coincidência entre as datas dos depósitos e dos telefonemas é indício da participação da Odebrecht no esquema de corrupção na Petrobras. Em depoimento da delação premiada, Paulo Roberto Costa afirmou que Rogério Araújo indicou Bernardo Freiburghaus como operador de depósitos de propinas em paraísos fiscais. O cruzamento de dados foi apresentado pelo Ministério Público Federal à Justiça Federal para reforçar os argumentos da prisão preventiva de três executivos da Odebrecht: o presidente, Marcelo Bahia Odebrecht, e os diretores Rogério Araújo e Marcio Faria.

O doleiro Bernardo Freiburghaus, que fugiu para a Suíça, consta na lista vermelha da Interpol, de alerta máximo, como procurado pelas autoridades brasileiras por lavagem dinheiro. Como ele é cidadão suíço, só poderia ser preso em outros países e não pode ser extraditado. A Odebrecht afirma por meio de nota que “desconhece completamente os fatos e o teor dos supostos telefonemas apontados e mais uma vez questiona o vazamento seletivo de informações”.

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