Trabalhadores que usam motos têm mais chance de sofrer acidentes, aponta estudo do Sesi PR
A coleta de dados durou nove meses, com 215 empresas participantes
Era para ser mais um dia de trabalho para a professora de natação, Juliana do Rocio dos Santos.
“Estava indo para o meu trabalho uniformizada, em uma velocidade confortável, 60 km/h, na BR do Parque Barigui indo para o bairro Água Verde. Estava na pista da direita, até que um carro branco na pista do meio simplesmente invadiu a minha pista para entrar numa rua à direita. Ele não sinalizou e só invadiu a minha pista para fazer a conversão indevida. Nisso, ele bateu na minha roda de trás. Eu perdi o controle da moto. O motorista viu que ele causou o acidente e, mesmo assim, seguiu o caminho”, diz.
Ela teve uma fratura na patela. O causador do acidente até agora não foi identificado. E Juliana entrou para a estatística.
Em média, os trabalhadores que vão de moto ao trabalho se acidentam três vezes mais do que quem vai de carro e até 30 vezes mais do que quem utiliza o transporte coletivo.
O dado preocupante faz parte do estudo “A Caminho do Trabalho: uma pesquisa sobre acidentes de trajeto no setor industrial do Paraná”, divulgado nesta quarta-feira pelo Sesi Paraná. O levantamento foi feito em parceria com o Centro Internacional de Formação de Autoridades e Líderes e o Observatório Nacional de Segurança Viária.
A coordenadora de ações estratégicas do Sistema Fiep, Priscila da Paz Vieira, afirma que os homens mais jovens e com pouco tempo de empresa são as principais vítimas no trânsito.
“Empresas de menor porte são aquelas que apresentam uma maior taxa de acidentes por colaborador. O modo de transporte preferido pelos trabalhadores da indústria é o automóvel. O carro é utilitário. No entanto, a motocicleta é o modo de transporte com maior número de acidentes relatados. Homens mais jovens e com menor tempo de empresa estão associados ao maior número de vítimas de acidentes. Aquelas indústrias que não realizam campanhas de sensibilização apresentam uma taxa de 67% maior de acidentes do que aquelas que as realizam”, explica a coordenadora.
Entre as medidas para evitar acidentes a caminho do trabalho estão ações mais específicas, como campanhas direcionadas aos motociclistas e ciclistas.
“Uma dessas sugestões é a realização de campanhas de sensibilização e em especial campanhas orientadas para jovens do sexo masculino e com menos tempo de empresa. Outra sugestão para contribuir para a redução do número de acidentes de trajetos são ações de sensibilização voltadas para ciclistas visando também a redução dos riscos de acidente. Uma outra é iniciativa que gostaria de destacar é em relação a realização de iniciativas de orientação às empresas para o registro dessas informações sobre acidentes”.
Juliana conta que voltou a andar de moto e que agora está mais cautelosa.
“Assim que eu voltei a andar de moto, percebi que as pessoas não estão prestando atenção na rua. O pessoal está muito perigoso. Então eu tomo o dobro, o triplo de cuidado pra continuar os meus caminhos”, reforça Juliana.
A coleta de dados desta pesquisa durou nove meses com duzentos e quinze empresas participantes, a maioria delas de médio ou grande porte em sessenta municípios paranaenses.
O levantamento completo você encontra no site do SESI Paraná.
Confira o áudio dessa matéria:
Reportagem: Lorena Pelanda