Treinados desde filhotes, cães-guia são os “olhos” de deficientes visuais
Muito se fala sobre o faro apurado dos cães. Mas eles, que identificam odores muito melhor que os humanos, também são os olhos de quem mais precisa. Os cães-guia recebem um treinamento longo, que dura cerca de 2 anos e começam, em geral muito cedo. Dexter, que guia os passos do curitibano Roberto Leite, de 53 anos, é um destes animais.
Em 2015 ele passou a fazer parte da vida de Roberto, que perdeu a visão aos poucos por causa de uma retinose pigmentar.
Roberto é fisioterapeuta com especialização em gerontologia. O cão acompanha o dono nas consultas e já se tornou um aliado nos tratamentos.
Apesar de ser muito manso – e fofo – o cão-guia não pode ser acariciado nem distraído. Isso pode atrapalhar a concentração do animal e impactar no trabalho dele.
O treinamento do Dexter foi feito no Instituto Federal de Santa Catarina, que fica em Balneário Camboriú, e começou aos 70 dias de vida. O veterinário André Luis Sturion, instrutor e treinador dos cães-guia no instituto, explica que o trabalho inicia com a ação de uma família voluntária.
Somente depois desse processo o animal é encaminhado para o deficiente visual e passa por um período de adaptação ao lado do companheiro. Uma lei federal de 2005, assegura à pessoa com deficiência visual o direito de entrar e de permanecer com cão-guia em estabelecimentos públicos e privados de uso coletivo, além de meios de transporte.
Ele só não pode ficar em áreas de isolamento hospitalar e cozinhas. Em geral, são treinados animais das raças Golden Retriever e Labradores, além do flat-coated retriever, que é a raça de Dexter. Essas raças custam caro, mas o cão-guia não pode ser vendido. Para ter acesso ao animal por meio do IFSC é preciso fazer um cadastro e aguardar a liberação.
Reportagem: Ana Flavia Silva