Três agricultores de Movimento dos Atingidos por Barragens no Paraná foram presos nesta quinta-feira (09) à noite, em Capanema, Sudoeste do Estado, durante uma reintegração de posse. Pelo menos outras cinco pessoas ficaram feridas por balas de borracha disparadas pela polícia. Cerca de 150 famílias ocupavam a entrada do canteiro de obras da Usina Hidrelétrica do Baixo Iguaçu desde segunda-feira (05) e causaram a paralisação das obras. A reintegração foi emitida pela juíza da Vara da Fazenda Pública, Roseana Assumpção, no mesmo dia da ocupação.

Cerca de 80 policiais participaram da operação para desocupar a usina. Com a resistência do movimento, foram lançaram bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha sobre os ocupantes. Segundo informações do Movimento dos Atingidos por Barragens, há seis pessoas feridas por balas de borracha e algumas foram hospitalizadas. O movimento publicou um vídeo no Facebook que registra a ação da PM.

Seis agricultores foram detidos, mas apenas três encaminhados para o 21º Batalhão da Polícia Militar de Capanema. De acordo com o advogado das famílias, Nilceu Natalino Cavalheiro, os três foram presos por desobediência, mas negam. Eles assinaram um Termo Circunstanciado e precisam comparecer em juízo.

De acordo com a coordenação do MAB, a ocupação das obras teve objetivo de cobrar avanço das negociações com a empresa NeoEnergia, responsável pela construção da Usina, e com o governo do estado. A obra tem 30% de participação da Copel. Representantes da empresa não teriam comparecido às últimas três reuniões de negociação com as famílias. Cerca de 60% da obra está construída e até agora não há proposta concreta do que vai ser das famílias depois do alagamento da área. Os agricultores cobram definição de local de reassentamento, indicação do valor que será pago pelas suas terras, e apresentação de Plano de Desenvolvimento e Plano Urbanístico para os afetados que vivem em área mais próxima à cidade. Ao todo, 1025 famílias serão atingidas diretamente pela obra. Em maio deste ano, a PM chegou a prender 12 atingidos por barragens que ocupavam o conteiro de obras, com as mesmas pautas.

Por meio da assessoria, a Polícia Militar afirma que recebeu uma determinação da Justiça de reintegração de posse da área, para não deixar que as pessoas impedissem a entrada e saída de operários. Em determinado momento, segundo a PM, um caminhão tentou entrar e cerca de 60 pessoas da ocupação não obedeceram a determinação passada pela polícia. Depois de pedir novamente, houve exaltação dos ânimos até que a PM teve que atirar bombas de gás munição de elastômero. Os PMs chegaram a deter três homens, um de 51, outro de 37, e um de 22 anos, por desacato e desobediência. A PM socorreu uma mulher que passou mal por efeito de gás e encaminhou ela ao pronto socorro. O efeito do gás passou e ela foi liberada. A PM não tem registro dos outros feridos. O grupo 60 pessoas saiu do local e uma equipe policial do 21º Batalhao permanece na usina para evitar novas ocupações.