Em dois anos, ambientalistas descobrem 23 cavernas na Escarpa Devoniana
Pesquisadores descobriram 13 cavernas na área de preservação ambiental da Escarpa Devoniana, na região dos Campos Gerais. A descoberta, segundo os ambientalistas, reforça o posicionamento contra o projeto de lei que tramita na Assembleia Legislativa e prevê a redução de 70% da área de preservação. As cavidades foram encontradas e catalogadas em 2017. Segundo o Grupo Universitário de Pesquisas Espeleológicas (GUPE), nos últimos dois anos, 23 cavernas foram identificadas pelos pesquisadores.
De acordo com o geógrafo do GUPE, Henrique Pontes, o resultado das explorações revela um grande potencial para a identificação de outras cavernas na área. Ele explica que elas servem de moradia para diversas espécies de animais e são pontos de entrada de água para o aquífero Furnas.
Desde 2016, o projeto de lei está tramitando na Assembleia pela Comissão de Ecologia, Meio Ambiente e Proteção aos Animais. A proposta é de autoria do deputado Plauto Miró, do DEM, do presidente da Casa, Ademar Traiano, do PSDB, e do líder do governo na Assembleia na época, Luiz Cláudio Romanelli, do PSB, que retirou a assinatura do texto depois da repercussão negativa do projeto.
A pauta quer fazer uma delimitação da APA da Escarpa Devoniana para ampliar áreas agrícolas na região. Segundo o texto, não há certeza técnica com relação à delimitação da área, o que gera dificuldade na fiscalização de ameaças e crimes ambientais.
O geógrafo do Gupe afirma que a APA tem um número de cavernas representativo e a diminuição da área de preservação atingiria áreas em que há cavidades ainda não exploradas.
Entre as descobertas, seis ficam no município de Ponta Grossa, uma em Balsa Nova e outras seis em Campo Largo. Além da relevância ambiental e ecológica, Henrique destaca que cada uma dessas cavidades conta um pouco da história do Paraná e especialmente da região.
O projeto de lei está em análise desde o ano passado, com o Conselho Gestor da APA da Escarpa Devoniana. Segundo a assessoria do deputado Plauto Miró, o projeto só deve voltar à votação depois que o Conselho terminar todas as avaliações do texto. O deputado Ademar Traiano está em viagem e não pode atender a equipe da reportagem.