Uma perícia encomendada pelos advogados do ex-presidente Lula apontou adulterações em documentos entregues por delatores da Odebrecht. Um laudo assinado pelo perito Celso Del Picchia, da Associação dos Peritos Judiciais de São Paulo, foi anexado ao incidente de falsidade solicitado pela defesa do petista para avaliar os papéis entregues por ex-executivos da construtora à força tarefa da Lava Jato.

Segundo a perícia, existe a possibilidade de que adulterações tenham sido feitas em planilhas extraídas do sistema Drousys trazidas por Marcelo Odebrecht e que comprovariam pagamentos indevidos feitos pela empresa. O perito indica que foi feita uma montagem ou adicionada uma nova assinatura a um dos arquivos e que também foram adulterados valores nas planilhas.

As informações que constam nos documentos citam pagamentos que teriam sido feitos para agentes públicos e políticos, listados com codinomes. Os dados integram a delação da empreiteira e também fazem parte da denúncia que envolve o ex-presidente, relacionada ao recebimento do terreno para o Instituto Lula e de um apartamento em São Bernardo do Campo como propinas da Odebrecht.

No incidente de falsidade, tanto a defesa quanto a acusação podem indicar assistentes técnicos para analisar os documentos. Sobre as planilhas que constam no sistema Drousys o perito contratado pelos advogados de Lula afirmou que  “Ao mesmo tempo que os recursos de computação facilitam a confecção de documentos verdadeiros, também produzem recursos e facilitam, enormemente e ao extremo, diversas possibilidades de montagens e outras fraudes”.

Para a defesa de Lula, o laudo pericial atesta a existência de adulterações de documentos que estão sendo utilizados pelo Ministério Público Federal para promover acusações contra o ex-presidente.

Em nota, o advogado Cristiano Zanin afirma que espera que o juiz Sérgio Moro reconheça a falsidade desses papéis, como foi pedido pela defesa no próprio incidente de falsidade. Ainda de acordo com a nota, os advogados também querem ter acesso à contabilidade paralela da Odebrecht, pedido que já foi negado pelo magistrado. Segundo a defesa, os fatos confirmam que Lula é vítima de acusações sem materialidade.

A empreiteira Odebrecht também emitiu uma nota a respeito. A construtora afirma que está colaborando com a Justiça no Brasil e nos países em que atua. A empresa informa que já reconheceu os seus erros, pediu desculpas públicas, assinou um Acordo de Leniência com as autoridades do Brasil, Estados Unidos, Suíça, República Dominicana, Equador, Panamá e Guatemala, e está comprometida a combater e não tolerar a corrupção.