Professor de história é criticado por dizer que "não existiu revolução sem violência"

Um professor de história foi criticado hoje (quarta) por pais de alunos do oitavo ano, em uma escola particular de Curitiba, porque disse durante uma aula que “não existiu revolução sem violência”, ao citar tema específico. O pai de um estudante de 12 anos chegou a dizer que ia processar o professor após o menino repetir que “para certas coisas a violência é necessária”.

A discussão gerou um intenso debate interno na escola, que incluiu o questionamento da liberdade de abordagem dos conteúdos na disciplina.

A polêmica começou quando um grupo de alunos queria a saída de uma professora e resolveu usar o que aprenderam na aula de história para fazer com que a ela pedisse demissão.

Segundo o professor Rodrigo Souza, os alunos tiraram um aprendizado do contexto e assustaram os pais e outros professores com declarações.

O assunto da aula usada pelos alunos como exemplo era a Revolução Francesa e as várias definições de revolução. Segundo o professor, fora de contexto, não há como incriminar o tema abordado em aula.

O professor conta que a aula gerou, de fato, muita discussão, mas que esse é objetivo das aulas.

Rodrigo Souza afirma que compreende a preocupação sobre posições políticas em sala de aula. Por outro lado, ele ressalta a preocupação maior com a intenção de se legislar sobre isso.

Os pais envolvidos na discussão não foram encontrados para comentar o caso. Nos últimos anos as interferências de pais sobre o posicionamento do professor em sala de aula têm sido mais frequentes. E isso não é exclusividade das aulas do professor Rodrigo.

O psicólogo, mestre em Psicologia da Infância e da Adolescência, e professor de Antropologia, Gilberto Gnoato, afirma que o momento político do país gera essas discussões e que para as crianças, a escola é o lugar ideal para o debate.

O especialista é contra a interferência dos pais. Segundo ele, essa interferência seria autoritária e prejudicial aos alunos.

Existe um movimento nacional chamado Escola Sem Partido, criado pelo advogado Miguel Najip, que tem tentado interferir na maneira como professores se expressam em sala de aula. O professor Gilberto Gnoato ressalta que alguns professores exageram na politização das discussões.

Projetos de lei que proíbem “doutrinação política e ideológica, exigindo neutralidade política” em sala de aula, tramitam em pelo menos seis estados. No Paraná, a proposta assinada por 12 deputados da chamada Bancada Evangélica foi arquivada depois de ampla polêmica.

Por considerar os conceitos de “doutrinação” e “neutralidade” muito vagos, a proposta também foi rejeitada no Distrito Federal e no Espírito Santo.

Os deputados da Assembleia Legislativa de Alagoas, porém, aprovaram a proposta e a lei que proíbe o posicionamento de professores já está valendo. Projetos semelhantes também tramitam em outros seis estados e diversas câmaras de vereadores.

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