Desde a implantação da política de cotas na Universidade Federal do Paraná, no ano de 2005, o número de mulheres negras que ingressou na instituição aumentou mais de 160%. Já o número de homens que se declaram da mesma cor teve um aumento um pouco mais tímido: de pouco mais de 37%. Quando se compara o número de estudantes da cor parda que entravam na UFPR até 2005 com a quantidade daqueles que ingressaram na universidade até o último vestibular, percebe-se um crescimento de quase 80% tanto para homens quanto para mulheres. A população branca que foi aprovada em cursos da federal, no entando, diminuiu 8% nos últimos sete anos. Os dados foram fornecidos pela UFPR para uma pesquisa financiada pela Fundação Ford sobre políticas afirmativas de cotas nas universidades federais brasileiras. O professor responsável pela questão do vestibular, Emerson Cervi, explica que, analisando os números, percebe-se que a política de inclusão racial acabou tendo um efeito prático na questão do gênero, já que o grupo que mais aumentou dentro da instituição foi o de mulheres negras. Para o sociólogo e professor da UFPR, Ricardo de Oliveira, o fato de ter havido uma diminuição no número de alunos brancos na universidade representa um aspecto negativo da política de cotas. Para ele, é preciso aumentar o número de vagas como um todo na instituição, e não privilegiar determinados grupos da sociedade.Já o professor Emerson Cervi destaca que a política de cotas cumpre o papel de diminuir a desigualdade educacional entre brancos e negros.Apesar de ter aumentado bastante o percentual de alunos negros na universidade, os números absolutos ainda são baixos. Em 2004, no último vestibular sem cotas da UFPR, 20 mulheres que se identificaram com a cor preta foram aprovadas na instituição. Hoje, a média é de cinquenta e duas aprovadas. O número de homens pretos passou de 70, em 2004, para uma média de 130 aprovados por vestibular nos últimos sete anos. Apesar do crescimento negativo na aprovação de estudantes brancos de 2005 a 2012, eles ainda são maioria entre os aprovados da instituição e respondem por quase 70% dos que ingressam na universidade. Os dados da pesquisa sobre cotas na UFPR vão ser compilados em um livro que tem previsão de lançamento para este ano.