Paulo Preto, apontado como operador do PSDB, guardava R$ 100 milhões em bunker
O ex-diretor da Empresa Paulista de Infraestrutura Rodoviária (Dersa), Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto, e o ex-ministro de Relações Exteriores do governo Temer, Aloysio Nunes, são os principais alvos da nova etapa da Lava Jato. A fase de número 60 aprofunda as investigações envolvendo o Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht e agentes públicos e políticos.
Paulo Preto é apontado como operador de esquemas ilícitos envolvendo o PSDB. Segundo o Ministério Público Federal, ele era responsável por controlar repasses em contas na Suíça. O operador teria movimentado valores que passam de R$ 100 milhões. O ex-ministro Aloysio Nunes teria sido o destinatário de um cartão de crédito do operador para que pudesse usufruir o dinheiro ilegal.
A operação investiga se Aloysio Nuvens teria de fato utilizado o cartão. As investigações têm origem na delação premiada de outro operador, Adir Assad. Segundo ele, repasses ilícitos da Odebrecht eram feitos em espécie e armazenados em um tipo de “bunker”.
Segundo o procurador da República Roberson Pozzobon, existiam quartos em dois imóveis ligados a Paulo Preto, onde o dinheiro era guardado e periodicamente colocado ao sol pelo próprio operador para não embolorar.
Várias movimentações financeiras suspeitas são investigadas na nova etapa. Uma das que mais chamaram a atenção ocorreu em 2007. Por intermédio de uma offshore, a Odebrecht transferiu cerca de € 300 mil para a conta controlada por Paulo Preto na Suíça. Depois disso, foi solicitada a emissão de um cartão de crédito, em favor de Aloysio Nunes Ferreira Filho. O banco foi orientado a efetuar a entrega do cartão em hotel localizado na Espanha, para o ex-ministro, que estaria hospedado no local.
As apurações revelaram que em 2016, Paulo Preto mantinha U$ 34 milhões em uma conta na Suíça, país que tem colaborado com a Lava Jato. Logo em seguida, na primeira metade de 2017, o operador encerrou as contas e enviou os recursos para as Bahamas, na tentativa de evitar o bloqueio dos valores ilícitos. Isso embasou o pedido de prisão preventiva do operador, que atuaria em favor de políticos do PSDB. Ele teria agido mesmo com as investigações da Lava Jato a todo vapor.
De acordo com o MPF, o esquema era complexo e envolvia outros operadores como Rodrigo Tacla Duran, Adir Assad e Álvaro Novis, que já são investigados na operação. Documentos e trocas de mensagens encontrados no sistema de contabilidade paralela da Odebrecht, batizado de Drousys, também embasaram a nova etapa.
A fase 60 recebeu o nome de “Ad Infinitum”, que remete ao ciclo criminoso que parece nunca ter fim. Paulo Preto acompanha uma audiência na Justiça Federal em São Paulo nesta terça-feira (19) e, na sequência, deve vir à Curitiba, onde vai permanecer preso por tempo indeterminado na Superintendência da Polícia Federal.
Nesta terça-feira, a Polícia Federal cumpriu um total de 11 mandados de busca e apreensão em cidades no estado de São Paulo, além do mandado de prisão preventiva.
Reportagem: Juliana Goss