Pesquisadores da UFPR fazem estudo pioneiro sobre doenças reumáticas em indígenas brasileiros
Pesquisadores de dois cursos da Universidade Federal do Paraná (UFPR) estão promovendo um estudo inédito no Brasil para investigar doenças reumáticas em comunidades indígenas de Rondônia. A partir da pesquisa, a intenção é propor políticas públicas de atendimento. O projeto surgiu no curso de Medicina e depois passou a contar com a participação do curso de Antropologia.
Enquanto os antropólogos orientam os profissionais de saúde sobre como se relacionar com a comunidade e como aplicar os questionários de levantamento de dados, os médicos se dedicam a identificar as características das doenças e a apresentar possibilidades de tratamento.
De acordo com o médico reumatologista Sérgio Kowalski, professor do Departamento de Clínica Médica da Universidade Federal, o estudo faz parte de um programa da Organização Mundial da Saúde (OMS) que busca identificar doenças reumáticas em países em desenvolvimento. Segundo ele, a pesquisa é pioneira e pode ser estendidas a comunidades indígenas de todo o país.
Os pesquisadores investigam a saúde de duas etnias, a Amondawa e a Gavião. Eles estão realizando os últimos exames, uma etapa que deve ser concluída em três semanas. Depois disso, os estudos devem resultar em informações sobre origem e características das doenças reumáticas nessas comunidades e possíveis tratamentos que conciliem as técnicas já usadas pela população local e tratamentos convencionais alopáticos adotados pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Segundo o professor Kowalski, qualquer conclusão neste momento é precoce. Mas os pesquisadores já trabalham com indícios de que as doenças reumáticas nessa população podem estar associadas principalmente ao esforço físico.
Até agora, os pesquisadores entrevistaram 148 homens e 159 mulheres, todos com idade acima de 15 anos. Desses, 46% disseram sentir dor, rigidez ou aumento de volume articular nos últimos sete dias, não relacionados a trauma. As localizações mais frequentes foram coluna lombar (14%), quadril (5%), coxa (3%) e calcanhar (2%).
Dos que relataram que sofriam com esses problemas, 64% definiram as queixas como graves. O projeto começou a ser desenvolvido em 2017. A próxima visita a Rondônia está marcada para dezembro. Além dos departamentos de Medicina e Antropologia da Universidade Federal do Paraná, a iniciativa tem o apoio financeiro da Liga Internacional de Associações de Reumatologia e o suporte da Sociedade Brasileira de Reumatologia e da Sociedade de Reumatologia de Rondônia.
Reportagem: Lenise Klenk