Estiagem no Paraná é reflexo de mudanças ambientais em outras regiões do país
Os reservatórios de água utilizados para abastecimento da Região Metropolitana de Curitiba estão em nível de alerta. Com o período de estiagem que se estende por mais de 10 meses no Paraná, a Sanepar tem aplicado planos emergenciais, com captação de água de cavas e de diferentes áreas, além da ampliação do sistema de rodízio do abastecimento, para garantir que as torneiras não sequem de vez.
De acordo com o gerente de Produção de Água da empresa, Fabio Basso, todas essas medidas fazem parte de um protocolo de crise que está sendo adotado nesse período de seca.
Ainda segundo a Sanepar, outras duas transposições estão em andamento: do Rio Pequeno e do Rio Miringuava Mirim, em São José dos Pinhais, para o Rio Miringuava. A ideia é que essa medida aumente a capacidade de produção da água tratada e ajude a minimizar os impactos dos rodízios. Mas todas essas alterações têm motivos que vão além da capacidade logística e tecnológica de captação hídrica: é resultado de mudanças climáticas e atmosféricas em outras regiões do país.
Entre elas, estão correntes de ar e água que carregam umidade da Bacia Amazônica para as regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil. Os chamados “Rio Voadores”, que têm cerca de três quilômetros de altura e milhares de quilômetros de extensão, estão perdendo força por causa do desequilíbrio causado pelo desmatamento na Amazônia. A ausência de alguns eventos como o El Niño e a La Niña também tem impacto nesse processo.
É o que explica a meteorologista do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Marília Guedes do Nascimento.
Com a chegada do outono e a aproximação do inverno – períodos tradicionalmente secos – a expectativa é de que a estiagem se mantenha pelos próximos meses.
Até que a situação se normalize, a recomendação de uso racional da água está mantida. Um dos incentivos oferecidos pela Sanepar, inclusive, é financeiro: a tarifa é cobrada de forma escalonada em faixas de consumo de 5m³. Ou seja: quem gasta mais, também paga mais pelo metro cúbico gasto.
Reportagem: Ana Flavia Silva