Estudo aponta que a Covid-19 chegou ao Brasil a partir da Europa e já contaminava no início de março
Um estudo inédito, com participação de pesquisadores paranaenses, aponta que a Covid-19 chegou ao Brasil por meio de três mutações diferentes do vírus a partir da Europa. A pesquisa indica, ainda, que a transmissão comunitária já estava estabelecida no Brasil no início de março, sugerindo que as restrições internacionais de viagens iniciadas após esse período teriam um impacto limitado. Entre as três formas diferentes encontradas no país, o chamado “Clado 1” circulou predominantemente no estado de São Paulo.
O “Clado 2” foi difundido em 16 estados do país, enquanto o “Clado 3” se concentrou no Ceará, dentro de um conjunto global com características típicas da Europa. O termo clado significa que as três linhagens tiveram um ancestral comum, o coronavírus original. A pesquisa é feita pelo Instituto de Medicina Tropical da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), em parceria com a Universidade de Oxford, ao lado de profissionais de diversas unidades e instituições.
Para chegar aos resultados, o estudo analisou o sequenciamento de 427 novos genomas dentro de um conjunto de dados geograficamente representativos, coletados entre março e abril e conclui que após chegar ao Brasil, o vírus passou a circular entre a população, mesmo com a adoção de medidas como o isolamento social, chamadas pelo estudo de intervenções não farmacêuticas (INFs).
Os dados obtidos pelo estudo sugerem que as medidas de restrição reduziram a disseminação do vírus entre os estados. No entanto, a mobilidade dentro e entre estados continuou acontecendo. O estudo sugere que, embora as medidas de restrição tenham, inicialmente, reduzido a disseminação do coronavírus, a continuidade dos casos indica a necessidade de impedir a transmissão futura, com triagem diagnóstica, rastreamento de contatos, quarentena de novos casos e coordenação social e física do distanciamento em todo o país.
Reportagem: Leonardo Gomes