Estudo inédito que analisa modificações genéticas do coronavírus está sendo conduzido no Paraná
Uma pesquisa inédita conduzida no Paraná investiga as características genéticas do coronavírus. O estudo busca entender como estas características estão relacionadas às diferentes manifestações clínicas em pacientes infectados, assim como os fatores de resistência e suscetibilidade à Covid-19.
A pesquisa está vinculada ao Projeto Genoma Covid-19, conduzido pela Rede de Estudos Genômicos do Paraná, no âmbito do Novo Arranjo de Pesquisa e Inovação em Genômica (Napi Genômica). São mais de 200 pesquisadores de instituições de ensino e pesquisa públicas e privadas. O objetivo é contribuir para a compreensão dos mecanismos genéticos que regulam a infecção viral, além de auxiliar nas decisões médicas e nas condutas terapêuticas mais apropriadas para os pacientes.
De acordo com o superintendente de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Paraná, Aldo Nelson Bona, os dados preliminares divulgados pela pesquisa são extremamente importantes para o conhecimento do vírus em diversos sentidos.
Ele também destaca a importância da pesquisa na condução de políticas públicas no Estado.
O Paraná havia sequenciado o genoma do coronavírus em 10 amostras de pacientes infectados com a Covid-19 até meados de outubro do ano passado. Com o desenvolvimento da pesquisa, esse número aumentou para 78 amostras, inicialmente sequenciadas.
O estudo revelou que 11% dessa amostragem pertencem à linhagem identificada como P.2, detectada oficialmente no mês passado, no Rio de Janeiro. Com grande circulação no Brasil, as alterações genéticas dessa cepa podem potencializar a velocidade de transmissão do vírus. As amostras analisadas nessa primeira fase são oriundas de Curitiba e Londrina. Nas próximas etapas a pesquisa deve contemplar amostras de pacientes de Cascavel, Foz do Iguaçu, Maringá e Ponta Grossa, podendo alcançar até 300 pessoas.
A pesquisa também revelou a presença da cepa inglesa em uma amostra de um paciente com manifestação grave. Detectada no Reino Unido, na Africa do Sul e no Brasil, essa variante tem sido caracterizada por uma disseminação mais rápida que as outras, sendo cerca de 70% mais transmissível.