Um estudo inédito feito por pesquisadores da UFPR encontrou altas taxas de detecção de coronavírus em ambientes hospitalares e odontológicos. Mesmo após a limpeza das superfícies, a carga viral identificada em alguns ambientes seria suficiente para tornar os materiais contaminantes. Foram coletadas 711 amostras em quatro unidades básicas de saúde, uma unidade de pronto atendimento e um hospital de Curitiba. Esse é o primeiro estudo de análise na saúde pública que inclui serviços odontológicos.

Segundo o Departamento de Patologia Básica da UFPR, o objetivo do estudo é analisar a circulação do vírus nos ambientes hospitalares, em comparação com unidades de saúde básica e nos locais de atendimento odontológico. As coletas aconteceram no segundo semestre de 2020. Nas 234 amostras de ambientes odontológicos, houve positividade de 3%, incluindo materiais não descartáveis, como refletores e ejetor de saliva. Foram encontradas amostras positivas em cadeiras odontológicas após a limpeza, o que reforça a necessidade de uma rigorosa higienização no intervalo entre os pacientes.

Em ambulatórios, o índice de positividade para coronavírus foi de 9%, maior do que a média de outros ambientes hospitalares. Nas UTIs para covid-19 foi encontrada a maior frequência de contaminação, entre 14% e 22% das amostras coletadas. Os objetos que se destacaram como focos de contaminação foram as maçanetas e as grades das camas.

Os pesquisadores ponderam que encontrar o RNA viral não implica, necessariamente, na possibilidade de infectar pessoas. A chamada “viabilidade viral” depende de outros fatores mais complexos, como o tipo de limpeza feita nos ambientes e o tempo de permanência do coronavírus naquele local.

No entanto, a alta taxa de positividade reforça a necessidade de pacientes e profissionais da saúde manterem a vigilância, uma vez que o uso correto da máscara não impede as possíveis contaminações por contato físico.

Reportagem: Angelo Sfair