A chegada de novas doses de imunizantes contra a Covid-19 volta a expor um impasse entre Prefeitura de Curitiba e Governo do Estado. Por um lado, o município volta constatar que recebeu menos vacinas que o esperado, conforme estimativa populacional. Por outro, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) diz que mudará os critérios de envio, mas na prática não é o que acontece, segundo dados da prefeitura. Ontem (quinta-feira, 24) Curitiba recebeu 47.205 doses, número 15% menor que o projetado pela prefeitura (56 mil) – um provável déficit de quase 8.800 doses.

Além disso, a Secretaria Municipal da Saúde informou que grande parte das novas vacinas recebidas será utilizada para a imunização da população em geral, diferente do que é orientado pelo Estado.

De acordo com a Sesa, das 47.205 doses entregues à capital, apenas 18.720 doses da Pfizer devem ser aplicadas no público por idade. Já a Prefeitura de Curitiba informou que serão vacinadas entre hoje (sexta, 25) e amanhã (sábado, 26) cerca de 30 mil pessoas com 49 e 48 anos. Ou seja, quase o dobro do indicado pelo governo estadual que preconiza ainda a separação 15.680 vacinas da Coronavac para trabalhadores da assistência social, educação básica, ensino superior, gestantes e puérperas. Além disso, 12.805 doses da Janssen, que necessita de apenas uma dose, devem ser destinadas a trabalhadores do transporte e pessoas em situação de rua, além da reserva técnica de 10%. Procurada pela reportagem, a Prefeitura de Curitiba informou que a Secretaria Municipal da Saúde decidiu por utilizar a maioria das doses para o público em geral, por idade. A administração municipal afirmou, ainda, que não teve até o momento retorno de ofício enviado há uma semana à Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) que pede a correção do desequilíbrio no repasse de vacinas contra Covid.

A desproporção foi apontada pela BandNews FM em uma reportagem no dia 17 de junho. Naquele momento, entre os três maiores municípios do Paraná, Curitiba era o que menos recebia imunizantes contra a Covid-19, na proporção de vacinas por habitante.

O cenário deixava claro que algumas cidades estavam adiantadas na vacinação se comparadas a capital. Na ocasião, o Governo respondeu dizendo que haviam outros critérios para a distribuição dos imunizantes além da proporção vacina por habitante. Já nesta quarta-feira (24), quando a estratégia foi tomada pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), foi decidido reequilibrar a imunização da população geral por idade.

O secretário de Saúde, Beto Preto, afirmou que o Estado quer garantir que todos os municípios estejam no mesmo quadro de vacinação até o final do mês de agosto.

Questionado se a mudança na distribuição de doses aconteceu por causa de Curitiba, o chefe da pasta negou essa possibilidade.

Com essa estratégia, o Paraná prevê vacinar 80% da população acima de 18 anos com a primeira dose até agosto. A Sesa estima também que apenas 20% da população geral acima de 18 anos precise ser vacinada em setembro, o que possibilita um adiantamento do calendário de imunização.

Em resposta a matéria da BandNews FM e do posicionamento da prefeitura, o Beto Preto anunciou uma auditoria para que o Tribunal de Contas do Paraná pudesse identificar possíveis falhas na distribuição de vacinas entre os municípios. O governo estadual ainda solicitou a criação de um grupo de trabalho, com apoio da Controladoria-Geral e do Ministério Público, após críticas de gestores municipais. A BandNews FM voltou a entrar em contato com a Secretaria Estadual da Saúde (Sesa) nesta sexta-feira (25) e ainda não obteve retorno.

Reportagem: Leonardo Gomes