80% dos pacientes curados da covid-19 apresentam sequelas; tratamento rápido acelera recuperação
Oito em cada 10 pacientes infectados pelo coronavírus e curados da covid-19 apresentam alguma sequela física ou mental. Médicos e cientistas de todo o mundo analisam os dados ainda recentes sobre a doença e começam a construir um entendimento consolidado sobre o que tem se chamado de “covid longa”. No Brasil, a Fundação Oswaldo Cruz lidera um estudo para entender as formas como o vírus pode afetar o corpo humano. Um dos problemas mais comuns, sobretudo em pacientes que ficaram muitos dias intubados, é a perda muscular.
O consultor comercial Kaio do Amaral ficou internado do dia 23 de março até 4 de maio. No período total de 42 dias, ele passou 23 dias intubado. Ao deixar o hospital, caminhar era um grande desafio:
Devido aos mais de 20 dias em que passou deitado e inconsciente, Kaio também conviveu com dores no lombar e nos glúteos. O acompanhamento médico em casa foi fundamental para a recuperação:
O fisioterapeuta Raphael Argenta, especialista em terapia intensiva, explica que a covid-19 é uma doença viral e sistêmica, ou seja, com potencial para afetar todo o organismo. Ele explica que um em cada três pacientes recuperados após internação em UTI relata sentir dores. O quadro é comum aos pacientes que passam longos períodos deitados ou desacordados.
No entanto, especificamente relacionados à covid-19, também podem encontrados disfunções cognitivas, lapsos ou perdas temporárias de memória, stress pós-traumático, ansiedade e depressão pós-covid, além de distúrbios do sono.
Segundo ele, todos os quadros associados à chamada covid longa têm boa resposta à intervenções de recuperação, desde que o tratamento seja rápido:
Na recuperação da “covid longa”, equipes multidisciplinar podem ajudar a entender a necessidade de cada paciente. Médicos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos e nutricionistas, por exemplo, contribuem com suas especialidades para o completo restabelecimento do quadro.
Reportagem: Angelo Sfair