Murro em Ponta de Faca, adaptação homônima de Augusto Boal, escrita em 1974, ganhou nova interpretação de um grupo de estudantes de teatro da Universidade Regional de Blumenau (FURB). A trama, apresentada na mostra Fringe, narra a história de dois casais de classes sociais distintas que a fugir das guerras e manifestações políticas dos anos 70 foram exilados no mesmo local.

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As visões de mundo e vivências de cada um dos quatro personagens da peça entram em conflito a todo instante e o medo é o que os mantém unidos. Contudo, ao longo da história é possível identificar as frustrações e sentimentos dos personagens, fazendo com que o público construa uma empatia por cada um, incluindo aquele mais duvidoso.

O elenco, com as falas muito bem ensaiadas, soube medir corretamente a dose entre o sensível e o exagero, trazendo com a simplicidade um espetáculo de encher os olhos. Ao final da peça, ultrapassando a quarta parede, eles conversam diretamente com quem está presente trazendo a mensagem de resistência. O público, formado principalmente por jovens, não conteve os sorrisos de satisfação ao assistir uma peça bem ensaiada e coerente.

Com uma produção totalmente independente, ao encerramento da peça eles contam em roda de conversa que todos os envolvidos ainda são alunos, porém já tinham experiência em outro festival de artes, o Fitub – Festival Internacional de Teatro Universitário de Blumenau. Porém, ressaltam que ter a oportunidade de se apresentar em outra cidade, no maior festival de artes do país, é motivo de muito orgulho.

Maira Wilbert, diretora e idealizadora da peça, conta que vir para Curitiba com um projeto desenvolvido no meio acadêmico é motivo de muito orgulho, tanto por ver o comprometimento da equipe quanto por ter passado pelas seletivas do Festival. Também acrescenta que a mensagem que deseja passar com “Murro em Ponta de Faca” é que o público não se esqueça do lado humano do mundo.

Diones Rafael, ator da peça, diz que a maior satisfação em estar na capital paranaense é poder aprender na prática, não apenas trazendo à público tudo o que aprendeu em aula, mas mergulhando nas apresentações do próprio Festival de Curitiba. “Ontem andamos 8km só vendo apresentações do Festival. Era da Santos Andrade para o Largo. Do Largo para as praças o dia inteiro”, afirma Rafael.

O elenco também complementa que é um momento mágico e de “loucura”, pois são seus sonhos se tornando realidade. Os alunos vieram de modo independente e o único apoio foi o da própria faculdade. Para realizar este sonho, fizeram vaquinha e pararam suas vidas particulares por uma semana em prol da arte e dos seus sonhos.

Informação: Yasmin Luz, estudante de jornalismo da Universidade Positivo, em parceria com a BandNews FM Curitiba