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‘Um Tartufo’: onde o mal segue adiante

Influenciada por obras do expressionismo, com um direcionamento crítico relacionado a política e religião

 ‘Um Tartufo’: onde o mal segue adiante

Imagem: Jeffh Ribeiro

Como seria uma peça de ações carregadas e fortemente influenciada por obras do expressionismo, com um direcionamento crítico relacionado a política e religião, sem dizer uma única palavra? “Um Tartufo” é a resposta. A peça teve sua estreia no Festival Curitiba (2023) na terça-feira (04), no Teatro Guairinha.

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O diretor, Bruce Gomlevsky, usou como referência para o drama a clássica peça do francês Moliére (1622-1673). No elenco, Yasmin Gomlevsky, Gustavo Damasceno, Thiago Guerrante, Ricardo Lopes, Victoria Reis, Glauce Guima, Lucas Garbois e Gustavo Luz.

O drama traz Tartufo (Yasmin Gomlevsky) com expressões carregadas no seu rosto. O personagem, devoto a uma falsa religiosidade, em seu primeiro ato traz um exorcismo como mostra do seu poder e manipulação usada na família de Orgonte (Gustavo Damasceno).

Ao decorrer da peça, vemos uma família se desintegrar lentamente, tudo pela fé cega e inocência de Orgonte, que, pouco a pouco, vai cedendo aos caprichos de Tartufo. Com fortes ações corporais que falam muito e interações entre os personagens, com elementos falados em outras linguagens, como sons de animais e danças em cenas de câmera lenta, o impacto das ações dos personagens fica maior.

Tartufo gradualmente elimina as características de personalidade de cada membro familiar. O personagem Cleanto (Ricardo Lopes), que funciona como a antítese religiosa do próprio Tartufo, é descaracterizado de toda sua crença. Usando de sua hipocrisia e má-fé, o protagonista traz seu pior com assédios, abusos físicos e morais contra as mulheres da família.

Ao fim da trama, Orgonte é cegado pela religião e sua inocência é manipulada. Um misto de traumas, dores, perdas e abusos a sua família se desmancha diante dos seus olhos. Olhos que cheios de lágrimas se destacam em um cenário dominado pelo preto e branco, sombreamento estilizado e fortes melodias da trilha sonora do compositor esloveno Borut Krzisnik. O personagem caminha em direção à única resposta que parece encontrar: o suicídio.

Eduardo Machado, que é músico e acompanhou a peça, comenta que achou interessante a ausência de falas na apresentação. Para ele, isso exige mais dos atores e o detalhado trabalho da maquiagem com linhas mais expressivas. A publicitária Alana Stepol também gostou do trabalho corporal dos atores, que possibilitou uma compreensão mais clara o possível para o público durante a dramaturgia.

“Um Tartufo” é uma peça que prioriza a teatralidade, não o realismo, com influências claras das obras de Charles Chaplin e Tim Burton em suas paletas de cores. As ações dos personagens falam por si só: da falsa moralidade e da imposição autoritária. O mundo continua, e sempre teve e terá seus “tartufos”.

Informação: Jeffh Ribeiro, estudante de jornalismo da Universidade Positivo, em parceria com a BandNews FM Curitiba

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Giovanna Retcheski

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