Religião ajudou Curitiba no combate ao fumo
A proibição do cigarro em ambientes fechados foi polêmica na década de 1970
Em uma época em que galã de novela exibia o cigarro e era permitido fumar até em aviões, Curitiba saiu na frente na preservação da saúde. Em 1971, Jaime Lerner, na época recém-empossado, foi procurado por um otorrinolaringologista que pedia uma campanha contra os cigarros. Foi assim que surgiu uma lei pioneira proibindo o fumo nos ônibus. Se o passageiro não jogasse o cigarro fora, o motorista poderia parar no próximo ponto e só continuar a viagem quando o assunto estivesse resolvido.
Para o Paraná a situação era diferente. A fábrica que produzia o Marlboro estava instalada na Cidade Industrial de Curitiba e gerava muito dinheiro em impostos, além de garantir milhares de empregos. Em meio aos esforços publicitários, foi a campanha religiosa que garantir a eficiência. O bispo auxiliar de Curitiba à época, dom Albano Cavalin, ofereceu a colaboração. Baseado na Bíblia, ele proclamou: “O corpo do homem é o templo de Deus.
Quem suja o pulmão com fumaça de cigarro está conspurcando o templo de Deus.” Depois, ele autorizou a substituição do sermão do domingo seguinte por palestras de dez minutos, feitas pelos médicos da Associação de Combate ao Fumo. Em 29 de Agosto daquele ano, às dez horas da manhã, foi deflagrada a chamada Greve do Fumo.
Reportagem: Larissa Biscaia