A insanidade é representada no Festival de Curitiba
Peça da Mostra Namoskà transporta a plateia para a mente transtornada de um personagem criminoso
Após cometer um crime contra o vizinho, um homem insano tenta convencer a todos de que não é louco. O monólogo faz o público pensar sobre os resultados e a complexidade da sanidade mental conforme apresenta um personagem alucinado, não convencido de sua situação, que insiste em persuadir quem o escuta. A iluminação dramática do palco imerge o espectador na trama. O espetáculo apresenta efeitos sonoros que causam diversas sensações no público. Enquanto os sentimentos do assassino são representados em cena, é possível ter um pouco de compaixão pelo personagem.
O espetáculo homônimo é uma releitura do conto “O coração delator”, do poeta estadunidense Edgar Allan Poe (1809-1849), publicado pela primeira vez em janeiro de 1843. Este texto foi um dos primeiros lidos pelo diretor da peça, Yohann Kalleu. Ele explica que a história exterioriza e constrói, de forma progressiva, a loucura do próprio escritor. Kalleu ficou muito sensibilizado com o estado em que o protagonista se encontrava. Durante a pandemia, o artista percebeu que a saúde mental da população estava fragilizada e decidiu levar esta narrativa ao teatro e mostrar que a insanidade, infelizmente, devasta as pessoas, o que, naquele momento, poderia ser recorrente.
O empresário Carlos Couto conta que a encenação o tirou da zona de conforto. “Os olhares do personagem eram desafiadores e intimidadores e suas falas eram extremamente fortes e completas de sentimentos”, comentou.
Após ser aplaudido de pé, Yohann Kalleu homenageou seu falecido pai, que esteve ao lado dele em apresentações de sua companhia de teatro. A homenagem fez o público se emocionar com o diretor.
Serviço:
O Coração Delator
Data e horário: 01 de abril, às 17 horas
Classificação indicativa: livre
Duração: 30 minutos
Evento: Fringe
Ingresso: A partir de R$ 5
Reportagem: Flávia Rodrigues, estudante da Universidade Positivo (UP)